De corda no pescoço

Vai grande aflição no Governo Regional porque os formalismos da última remodelação estão a demorar a produzir efeito e a governar. O que sai na comunicação social é entretenimento informativo, basta recordar e ver o calendário de tretas a que Albuquerque se dedica.

O PSD-M lançou teorias para ganhar votos em 2015, o momento que vivemos é de uma completa inversão de marcha. Se algum dia Albuquerque levava boas intenções, que eu sinceramente desconfio, encontrou uma equipa de trabalho fraca para governar e promessas eleitorais mal estudadas de se aplicar. Albuquerque só quis ganhar eleições e logo via, ia convencido de que era um político capaz de dar a volta. O que sim é verdade é a sua rendição ao modelo anterior, prendado e oleado, justamente do que precisava perante o panorama de muitas aflições pessoais e de caminho mais curto para evitar o descalabro governativo.

O PSD Madeira não sabe governar sem dinheiro, para este obra implica sempre betão e inaugurações. Um bom serviço regional de saúde não é obra, é o que se vê, muito por culpa de ser uma área onde os rupestres do betão não afincaram as garras e se preocupam só com o edifício do novo hospital. Novo hospital com esta forma de gerir a saúde? Sim ao primeiro mas a formação em paralelo, outro descuido, outra em falta que não faz parte da "obra" do governo.

O que há de mais importante para que haja sucesso não é a composição ou qualidade do Governo mas sim o dinheiro para fornecer às empresas de construção civil que lhe farão a política de sucesso, obras para inaugurar. São precisos poucos para isto e pode-se encher a administração pública com trastes que se "compram".

A Renovação consumiu demasiado tempo e vê-se entalada com um tempo remanescente curto. Num mês de Janeiro onde começamos a pagar o capital da dívida escondida por Jardim e enquanto Albuquerque propagandeia sucesso económico, com alguns indicadores interpretados de forma muito parcial e subjectiva, a receita fiscal está a cair, o que significa que algo vai mal ou andam a mentir. É ver o inverso na República.

As obras, no entender deste governo, podem salvar tudo mas falta o dinheiro, apesar do Vice Presidente Calado ter rapado bem os tachos de diversas secretarias para atingir tal desiderato. As contas estão a derrapar e o GR precisa de mais dinheiro. Depois de ter levado com a porta na cara na auscultação à Caixa Geral de Depósitos, Santander e BNP Paribas, Pedro Calado apostou numa acção de charme junto do Banco Europeu de Investimentos que vai analisar, com mais jeito ou menos jeito, o mesmo estado financeiro para decidir se empresta 500 milhões de euros, a última cifra que se conhece no desejo de empréstimo do GR. Tudo para obras gigantescas e onerosas, em stress, algumas nem estudadas estão, como é o caso da ampliação do molhe da Pontinha que é uma estimativa e não um orçamento nascido do estudo das condições e do custo de forma séria.

Neste ambiente de completa desordem, governado por um Vice Presidente que reúne tanto poder, por via das múltiplas tutelas num grupo reduzido de gente onde não se vê pulso e com tendências para falir, vemos o foco na satisfação de quem os colocou nos cargos e não na boa administração da coisa pública para o povo madeirense.

Há outro ambiente, o dos funcionários públicos que não reconhecem categoria nem respeito de quem manda, tratam-nos como PIDE's. São aconselhados a não falar com qualquer um, a pensar bem onde dão "likes" e o que dizem nas redes sociais. Sob stress do tudo atrasado e com mais uns funcionários que vão comentando a verdade do que se passa, as ameaças existem para evitar as fugas de informação através de pessoas que estão cada vez mais preocupadas com a catástrofe que lhes caiu no governo.

Só quando perderem se darão conta que os argumentos usados na última oportunidade, na campanha eleitoral de 2015, estavam certos. O que falhou é que temos incompetentes a governar que só pensam em si, em galgar tachos, em garantir emprego seguro mas sobretudo em satisfazer quem os põe no governo. O GR está no patíbulo do cadafalso com a corda ao pescoço. A promessa Cafôfo deve olhar muito bem para a história destes 4 anos de governação que acabam para o ano, não está livre do mesmo.