Onde andam as flores?


Eu gosto da Festa da Flor e desejo o seu sucesso mas, por vezes, defender cegamente só serve para morrermos aos poucos sem contraditório. Aceitem esta critica como construtiva, talvez já tenham reparado mas não tiveram coragem de o dizer.

Não temos argumentos nem quantidade para esticar a Festa da Flor como este Governo quis, com 3 tapetes na Arriaga mas profuso de tascas e esplanadas estamos a dar outras coisas que não são do que os turistas estão à espera. Talvez ainda seja a natureza virgem e luxuriante que colmata isto no período da Festa da Flor o que faz falta.

Se a Festa é anunciada como da flor porquê outras coisas? Com todo o respeito pelas antiguidades sobe rodas, não é um contra-senso o desfile de carros antigos, as máquinas poluidoras na festa da natureza e da flor? Não será a razão do desfile de automóveis um preenchimento da Festa da Flor esticada sem flores? Um capricho das elites.

Foto de Madeira.Best.

Onde andam as flores? No desfile certamente onde se percebe o colmatar da flor por tecidos e plásticos que perfazem um conjunto aceitável para fazer render ... mas a Festa é da Flor. O desfile vai resultando mas o resto não, disperso, insonso. A montagem da exposição na Praça do Povo para a exposição de flores está sem ambiência de natureza num pré-fabricado sobre pura pedra, uma muito pálida ideia do que já foi o Ateneu Comercial do Funchal que, mesmo não sendo num quadro de natureza, deslumbrava pela quantidade e variedade de flores. Parece que andamos a cumprir calendário com gente sem vocação.

Ao esticarmos a Festa da Flor baralhamos até os turistas para o período a apostar e saberá a pouco para cada turista que nos visita, que não vai ver todo certame. Estamos a defraudar, muito "folcore" e pouca substância.

Se temos pouca dimensão devemos manter o que temos concentrado para impactar, caso contrário, o que temos em vez de deslumbrar numa semana será um penar por 4. Você por exemplo, ainda está com pedalada de Festa da Flor ou já se perdeu apesar da extensão? Seja franco.

Estamos a ensinar aos outros e a perder qualidade, que mistura explosiva. A sensação que se leva para casa é que tudo está descontextualizado, até as pessoas, até as elites parvas fazem impressão nas cadeiras vips.

Tinha que vos dizer isto, tolerem-me.