Não me dou nisto

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Enviado por Denúncia Anónima 
Quarta-feira, 30 de Maio de 2018 13:02
Texto e título do autor. Imagens do CM.

Ontem vi publicação vossa que designam por Denúncia Anónima que me fez pensar um pouco mais acerca de situações que já vi e vivi mas tento ignorar para não me magoar mais. Quando os nossos governantes faliram o país e a região todos os funcionários públicos foram chamados sem excepção a fazer descontos para ajudar a pagar. Essa situação teve nomes "bonitos" para não dizerem que nos roubavam do suor para pagar os desvarios financeiros de gente que não sabe estar no poder sem roubar.

Passaram-se uns tempos e ninguém nas suas carreiras subia de escalão, ninguém recuperava ordenados e começamos a fazer contas de como a vida tinha regredido para inícios de 2000. Estávamos a ganhar o que era o nosso vencimento entre os anos de 2002 a 2005, conforme os casos.

Quando fazíamos as contas a cada IRS podíamos constatar os valentes milhares de Euros, nalguns casos, que nos privaram de fazer vida depois de nos chamarem nomes dizendo que vivíamos acima das nossas possibilidades, algo ofensivo quando foi o Estado e a Região que faliram. Mas, também vimos dois pesos e duas medidas, claro que por culpa "nossa", nesse mesmo IRS ao comparar os Açores e nós, eles com uma austeridade e nós com duas.

Isto foi andando, alguns arruinaram as suas vidas, outros para ganhar mais saltaram de emprego ou emigraram. A forma mais fácil de ultrapassar o obstáculo do vencimento inferior era encontrar um posto de trabalho mais bem remunerado. Sim, porque a vida prosseguiu e mesmo roubados era preciso comida em casa, pagar luz e água, sustentar o carro com gasolina, oficina, seguro, inspecção, pagar creche, comprar livros, comer e vestir, etc, e ficar em casa nas férias. É assim que vamos enlouquecendo e a tomar anti-depressivos.

O tempo continuou a andar e vivemos na presente época. Continuamos a ver atrocidades que se resumem a isto:
- as pessoas que merecem mas não estão metidas na política estão encostadas;
- existem lugares a ser criados para áreas que não estão nas orgânicas ou não são necessários porque o emprego vai ao encontro das características do militante a empregar.
- há dois tipos de funcionários públicos, os que progridem na carreira e recebem seu ordenado actualizado e os outros que levam na cara que ainda não pode ser e estamos na austeridade.
- existe funcionários públicos que nunca participaram na austeridade, sei o que digo;
- por 4 vezes assisti a gente que vem da privada para a Função Pública porque dizem ter conhecimentos fundamentais para o funcionamento do Governo quando nada de especial têm e ganham duas ou três vezes mais do que o funcionário público de carreira. O Governo paga o que recebiam no privado. Muitas vezes com burlas em recibos forjados.
- isto entra e sai gente mas são os mesmos mas cada vez menos a segurar as pontas porque os anos de função pública deu-lhes a experiência de como tudo funciona. Temos chefes que não servem para nada. Mal formados e sem conhecimentos. Uma vergonha!

Já não vale a pena ter categoria nem conhecimentos técnicos para chegar à Função Pública, lamentam os que não entram e os que estão sobrecarregados de trabalho. É literalmente 100% de cunhas, é o descalabro total. Não há concursos de pessoal honestos neste momento.

A Função Pública não tem clima de trabalho, isto é uma selvajaria, e o que quero dizer é que ainda é preciso fazer manifestações para nos devolverem o dinheiro quando vemos que uns são filhos e outros enteados? Quando descontaram foi de uma vez a todos, quando é para repor é com truques e ainda presenciamos a este clima da Função Pública?

Sem reposição de carreira, sem justo vencimento, a ver a promiscuidade, as recepções na residência oficial, que significado tem isto tudo?

Eu, sinceramente, estou desolada. Se tivesse idade tentava sair daqui. Nós não temos futuro. Isto é um tremendo contraditório que resulta de gente aflita em esquemas para salvar a pele enquanto dá. Instituiu-se um clima na Função Pública aterrador de bufos e retaliações. Isto é a qualidade dos líderes reflectida nos nossos empregos. É quem governa que autoriza este clima. Isto não é decente e não me dou nisto.


Pelo teor do texto julgamos ter sido esta Denúncia Anónima a que a autora se refere: Inclusão exclusiva