Sapos a ferver



Depois de 3 anos com culpas a Lisboa e às portas das Regionais parece que a capital quer mostrar que as loucuras governativas da região nada têm a ver com separatismos estéreis entre Lisboa e Madeira, entre o Poder Central e a Autonomia, ou qualquer outro tipo de foguetório que dispersa a atenção do povo a par do futebol e das festinhas.

A República não percebe de como é acusada de falta de solidariedade em actos de governação na Madeira porque o problema está nas demagógicas promessas partidárias que atingem uma Autonomia fragilizada no plano financeiro. Paralelamente a isto, somar os montantes eleitoralistas é de colocar as mãos à cabeça! De onde vem o dinheiro? Há claramente a inconsciência de divergir do essencial para a sobrevivência política na saúde, nas Casas do Povo versus IPSS, nas Sociedades de Desenvolvimento e outros organismos inviáveis a serem injectados em permanência para suprimir "contenciosos" nos tribunais. A Autonomia tem ainda uma outra faceta, quando os seus representantes eleitos não cobram aos seus protegidos empresariais que vegetam no sucesso alicerçado no erário público. Não entendem como é que empresas do sistema, que açambarcam a maioria dos concursos e aos quais se entregam concessões e adjudicações, sejam devedoras do Fisco e à Segurança Social quando se apresentam viçosas e investidoras, comprando tudo muito barato depois da falência provocada pelo PSD-M a governar. Não se entende, que estando o GR aflito de dinheiro não cobre aos conhecidos grupos da praça.

A República sabe mais do que se pensa, sabe que por exemplo, a par das ideias atrás descritas que o Orçamento Regional, previsto para a Saúde, não paga sequer o que está a ser consumido quanto mais o serviço da dívida, enquanto paralelamente, muito existe para os circos eleitorais, o betão e o "empreguismo partidário". A Saúde volta a estar na mira das Farmacêuticas, da Associação Nacional de Farmácias e por consequência da Associação de Utentes, tal como sucedeu no último mandato de Jardim. Outra fonte de informação da República, não é política, é dívida que não se abate encaminhado o dinheiro para eleitoralismos e clientela. Os enfermeiros vão para greve e os médicos estão revoltadíssimos, sentem-se usados pela Quinta Vigia nos seus beberetes para fingir que está tudo bem e onde muitos vão para não serem perseguidos nos seus empregos. Todos sabem que a Saúde não melhora.

As artimanhas das contas e o cinismo da dialéctica política usada pelo Funchal abriu portas a um esclarecimento cabal do que se passa na Madeira. Uns vão ser técnicos outros, só podem fazer política, com jogos de palavras porque não há razão que lhes assista. Isto é um grande imbróglio no seio do PSD-M, porque perdidas as Autárquicas o partido mostrou a sua fragilidade e foi tomado de assalto pela velha guarda. Desta relação, onde ninguém quer perder a cara, ambos sabem que faliram a região e protegem os grupos que os sustentam, ao ponto de também lhes permitirem a dívida nas contas públicas que depois são usadas para compras, novas construções, investimentos, em suma, concorrência desleal.

Pode parecer mas estão em planos diferentes, esta acção que vem a caminho não tem nada a ver com o episódio recente da batalha da dívida ou não da CMF, é o acumular de bocas políticas sem casa limpa e a República farta de bancos não quer ter mais sustos na Madeira com a política entregue à aflição de ganhar as Regionais de 2019. As folgas que encontram é para eleitoralismo não para acertar contas. Que o digam os bancos que não aprovam crédito à Região. Olho em cada movimento do Costa na Região, ele não é o ranhoso do Passos mas é um diplomata que já meteu muita gente na ordem. Até já tem o seu ministro das finanças a comandar o Eurogrupo. As confusões de Albuquerque são para fugir à derrota das permanentes invenções que justificam um mandato miserável.

Porque, enfim, tudo passa, não sabe o Tempo ter firmeza em nada, e a nossa vida escassa, foge tão apressada, que quando se começa é acabada.
Luís Vaz de Camões/ "Ode"