Amílcar, Consertador de Búzios Calados


Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, e vencedor do Prémio Matilde Rosa Araújo em 2010, “Amílcar, Consertador de Búzios Calados” é um conto infantil escrito por Mário João Alves e extraordinariamente bem ilustrado por Ana Justo.

Para quem não conhece, e muito resumidamente, no conto de 32 páginas, o pequeno Amílcar é a única pessoa do mundo que quer consertar tudo, e o conto leva-nos a entender as relações entre o acaso, a paciência, e a sorte.

Conta o conto, que Miguel Albuquerque, quando estava à frente dos destinos da autarquia do Funchal, tentou amenizar a oposição interna do velho jarreta, convidando um dos seus rebentos para vereador. A ideia, copiada de Cunha e Silva, era utilizar o rebento para travar a maledicência do velho jarreta.

Mas como é comum nas histórias infantis, Miguel levou tampa do dito cujo, e assim, o pequeno Amílcar, a eterna segunda escolha de Miguel Albuquerque, foi promovido.

O problema é que o pequeno Amílcar era inexperiente e sempre demonstrou grande insegurança em tudo o que geria. Para quem não se lembra, no tempo em que era o vereador fumador, o pequeno Amílcar foi um dos maiores críticos às obras das ribeiras, contestando a megalomania e dinheiro gasto pelo velho jarreta. Por causa das críticas, foi duramente enxovalhado pelo velho jarreta, mas, verdade seja dita, mostrou ser sempre fiel a Miguel Albuquerque.

Quando se deu o assalto ao poder, e como forma de agradecimento pelo apoio politico, o pequeno Amílcar foi convidado por Sérgio Marques para Diretor Regional do Equipamento Social e Conservação. Sem ideias novas - porque criticar é fácil mas fazer é difícil - manteve surpreendentemente a mesma equipa e os objetivos que outrora tanto criticou. Foi o seu primeiro erro.

Com a remodelação do governo, e como não havia mais ninguém, e outra vez por acaso, o pequeno Amílcar sobe a Secretário Regional. Mas como sempre, e sem ideias novas, o pequeno Amílcar a pensar no novo Hospital extingue a sua própria Direção e chama a si o protagonismo das grandes obras. Mais um erro crasso!

Mal aconselhado por Assessores de inteligência duvidosa, a inexperiência veio outra vez ao de cima, e cego pela estratégia de brilhar com o protagonismo das obras esqueceu-se de controlar os eventuais problemas. E sem se aperceber, o pequeno Amílcar foi triturado pela máquina das obras que era controlada pelos mesmos de sempre.

Como o decorrer do tempo, e agora pressionado pela sede de tachos, o pequeno Amílcar cedeu em toda a linha, e criou uma máquina de nomeações inexplicáveis de incompetentes, que diga-se, não trouxeram valor acrescentado nenhum à sua Secretaria.

E como uma desgraça nunca vem só, tudo começou a correr mal ao pequeno Amílcar. As Ribeiras e as Pedreiras rebentaram-lhe nas mãos e agora só o projeto do novo Hospital - se correr bem - o pode salvar.

Entretanto, na lista de prováveis sucessores estão Jorge Pereira com experiencia e um curriculum invejável, o ambicioso Pedro Jardim Fernandes, e Pedro Jardim, o famigerado rebento do velho jarreta.

E enquanto se espera pelas eleições de setembro, e para quem gosta de trocadilhos, recomenda-se “Amílcar, Consertador de Búzios Calados” da editora “Trinta por uma linha” que pode ser uma boa opção de leitura para quem vai de férias.

Para quem ficou interessado, o conto pode ser encontrado na FNAC ou na WOOK por 10€.



“Todos os homens são bons, mas não para todas as coisas”


Victor Hugo