Estávamos na recta final de 2014 e
preparava-se a privatização da Horários do Funchal. Tudo estava encaminhado
para que o negócio se concluísse com sucesso. O Grupo Avanza estivera já no
Funchal a sondar o mercado regional, aproveitando para efectuar conversações
com alguns elementos do governo regional.
O plano foi traçado tendo por objectivo a
modernização da frota urbana e interurbana que se encontra sob a alçada da
Horários do Funchal. Pretendia-se uma gestão eficaz que fosse ao
encontro dos desejos quer dos passageiros, quer dos funcionários.
Benefícios para os passageiros:
- Carreiras e horários mais adequados às suas deslocações;
- Tarifário mais acessível ao custo de vida local.
Benefícios para os funcionários:
- Melhores condições de trabalho com a renovação da frota e melhoramento das instalações;
- Mais regalias salariais com a consequente motivação profissional.
Acabar com a dependência de subsídios do
governo, tornando-se numa gestão autónoma, cuja receita resultaria de mega
campanhas de angariação de passageiros. Estava-se a falar de uma multinacional com
provas dadas noutros países. O conceito seria gerar lucro com serviço eficaz
adequado ao bolso dos passageiros.
Entenda-se eficaz como uma taxa de ocupação
média da ordem dos 70%. Tal coisa nunca fora vista na história dos transportes
desta ilha. Para quem tem uma sociedade sugada até aos
ossos pelas transportadoras, dificilmente entende o conceito de uma gestão
eficiente para servir o passageiro.
O passo a dar seria portanto o Funchal ficar
dotado de transportes urbanos rodoviários mais eficazes a todos os níveis. Associado a esta privatização, estaria em
curso um também bom plano de mobilidade, transformando a capital madeirense
numa cidade mais amiga do ambiente.
Com o incremento da utilização dos transportes
públicos a regulação do trânsito ficaria bem mais facilitada. Sendo provado o conceito de gestão amiga dos
utilizadores, o Grupo Avanza passaria para propostas de compra das restantes
empresas de transporte público da região.
A Sociedade de Automóveis da Madeira, Rodoeste e
Empresa de Automóveis do Caniço seriam integradas no grupo. O sistema de passes
e bilhetes seria uniformizado. O tarifário seria reduzido quase a 50%, dado
que na ilha se praticam preços escandalosos, sempre com a desculpa dos desgaste
de material e do relevo acentuado.
Desde sempre foi incutido no passageiro o
sentimento de que o território insular desgraçava os autocarros. E então após mais de 30 anos de evolução
tecnológica, continuamos a ter autocarros obsoletos ? Para que serviu tanta
novidade tecnológica com o advento do Séc. XXI ?
De facto a ilha estagnou em termos de
transportes públicos, muito à conta de interesses ocultos instalados, até mesmo
dentro do próprio sistema. Pergunta o Caro Leitor, o que correu mal?
Porque continuamos a ter transportes rodoviários deficitários? A resposta é simples: MEDO e IGNORÂNCIA. Medo
da novidade, medo de fazer melhor. Querer ficar na ignorância e teimar em não
aceitar o conhecimento vindo do exterior.
Mais uma vez a mentalidade "ilhoa" a
vir à tona e a fazer descambar uma parcela da sociedade. Até os sindicatos dos transportes rodoviários
se manifestaram contra, tal qual bando de pacóvios, que teimam em não evoluir,
nem deixar evoluir quem para isso esteja disposto. Para os sindicalistas, o melhor é ter
motoristas inconformados, com salários baixos. Dessa forma justificam a
existência do sindicato. Motoristas com bons salários e boas regalias
sociais não carecem de sindicatos para defenderem os seus interesses.
A juntar ao bolo da desfeita, no final de
2014, vieram as eleições para o Governo Regional, com a eleição do pacóvio-mor:
Dom Albuquerque. Sabendo ele em conversas de bastidores que os
seus amigalhaços de ocasião não conseguiriam fazer frente a uma multinacional,
junta a sua voz à dos sindicatos promovendo uma onda de terror psicológico
entre a classe dos profissionais rodoviários.
Consequentemente o processo de privatização é
cancelado, ficando os transportes públicos no marasmo do costume. Ou seja tivemos uma autêntica BIRRA dos
meninos totós da ilha que continuam a julgar que sabem mais de popós do que os
Homens com H Grande, que buscam o saber fazer melhor ao serviço da comunidade.
Nota: texto conforme acordo ortográfico de
1945