7 dias, 7 farpas (3)


  • Há um notório nervosismo em torno deste nosso Correio que fazia falta à Madeira. como ocorre em latitudes diversas e em casos semelhantes, mais importante do que saber os nomes reais dos autores deste projecto aliado da cidadania interventiva, é o conteúdo e a pertinência  dos posts publicados e perceber se de facto eles representam uma análise séria das notícias ou se se trata de mera propaganda política. Em qualquer dos casos, os autores, que usam pseudónimo, têm o direito de comentar a actualidade com ou sem agenda.
  • Determinada imprensa aburguesada julga estar a prestar bom serviço à sociedade com a reprodução 'ipsis verbis' da lenga-lenga escrita no Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira. Coisa bem distinta é dar-lhe enquadramento e explicar efeitos. Isso é pedir muito. Quem nasceu papagaio dificilmente publica livros.
  • Incomoda-me a preguiça nas redacções. Não trabalhar a papinha que chega feita não abona a favor de quem ainda tem emprego no sector e não faz por mantê-lo.  Um exemplo bem recente demonstra a falta de tacto e sagacidade. O Bispo do Funchal emitiu a mensagem de Páscoa, que até dava pano para mangas, e o que fizeram os sites que deviam dar notícias? Espetaram com o chouriço eclesiástico na íntegra, sem qualquer intervenção humana. Isto é jornalismo ou vadiagem à espera de milagre?
  • A propósito do alarido mediático em torno da jurista que foi morta à facada, dizem que pela mão do seu antigo namorado, arrefeço o entusiasmo voyeurista com duas pedras de gelo: como os implicados não eram figuras públicas e o crime foi cometido entre quatro paredes, tendo o presumível autor sido detido, desde quando os nomes e as fotografias de ambos são objecto de divulgação?
  • Fui mais uma vez aos arames quando tomei uns copos e conhecimento que o JM continua a despachar funcionários que o caderno de encargos da privatização obrigava a que estivessem no activo com os novos donos. Cheira-me haver vigarice da grossa num processo vergonhoso e nada transparente. Espanta que nenhum partido ou deputado pegue no assunto.
  • Na ronda pelos meios de comunicação deste rochedo de submissos, detectei um golpe de génio na RTP-M. O programador equivocou-se e tirou do 'prime-time' de quinta-feira o 'Dossier de Imprensa', substituindo-o pela novela em torno do ditador da ilha, remetendo para a concorrida noite de sexta-feira o melhor programa de humor que a televisão insular tem. Os jornalistas que ali vão, talvez recebendo uns trocos, não se aperceberam que foram enganados ou a ideia dos directores da Levada do Cavalo é acabar com aquele espectáculo deprimente?
  • Um velho director do DN funchalense tem cuspido no prato onde saciou apetites, ao permitir que a empresa que lhe garantiu a reforma dourada seja ferozmente vilipendiada no seu bloguezito alaranjado. Uma livraria esperançada em editar paletes de livros de uma colecção interminável, em que só o nº.1 viu a luz tímida de um dia cinzento, soprou durante uma orgia municipal os hipotéticos motivos da ira. Um armazém na Cancela atolhado de literatura encomendada? Arre. Talvez sejam bíblias ou faqueiros embrulhados em papel de parede.
Ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que leva, pomposa ou obscura. A categoria em que temos de classificar a importância dos homens deduz-se do valor dos actos que eles praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus semelhantes".