A culpa é da Inês de Medeiros!



Estou perplexo com tanta gente escandalizada por causa de uns míseros 500€ semanais que os nossos ilustres deputados distraidamente usufruíram em viagens. Afinal existem mais de 730 mil portugueses que recebem sensivelmente isso mensalmente para trabalhar. Qual é o escândalo?

Tudo isto não é novo, já em 2010 a atriz Inês de Medeiros, filha do maestro Vitorino de Almeida e irmã da famosa atriz Maria de Medeiros, foi alvo de uma grande polémica, não por ser protagonista de nenhum filme ousado como a irmã mas sim por ser deputada na Assembleia da Republica.

Inês de Madeiros foi eleita deputada pelo Partido Socialista pelo círculo de Lisboa mas residia oficialmente em Paris. Nessa altura, como deputada, recebia o vencimento de 4.185,50€ mais 69€ por cada presença na Assembleia da Republica, que multiplicando por 22 dias úteis dava 1.522,00€. E, como Inês de Medeiros residia em Paris tinha direito a uma viagem semanal de ida e volta Paris/Lisboa em executiva. A preços de 2010 uma viagem de ida e volta em executivo a Paris custava cerca de 1.215€ por semana, o que nos meses de 4 semanas totalizava cerca de 4.860,00€ por mês. Se adicionarmos ainda as 8 viagens de táxi entre o aeroporto de Orly e Paris teremos de adicionar mais  600,00€ mensais aos custos das viagens.

Resumindo! Somando ao vencimento base, as viagens, as senhas de presença e ainda as despesas de representação, Inês de Medeiros, em termos genéricos, usufruía de mais de 11 mil euros por mês.

Em Maio de 2010, depois de ter rebentado a polémica, a atriz abdicou dos pagamentos das viagens a Paris e contentou-se com o cacilheiro para Almada. Do mal, o menos.

Hoje, Inês de Medeiros é presidente da Camara Municipal de Almada, agora trabalha muito, e ganha menos de metade do que ganhava como deputada.

Percebe-se agora porque é que todo o político esperto ambiciona ser deputado e não Governo. Veja-se a gestão de algumas das longas carreiras de muitos deputados da nossa Assembleia Regional, muitos nunca trabalharam na vida,  já estão reformados, e no bem bom.

Hoje em dia, ninguém minimamente esperto quer ser Governo. Ser Governo, além de ter trabalhar muito, tem devolver o valor do  subsídio de mobilidade aos cofres da Região nas viagens efetuadas em serviço.

É injusto!


Aquele que não é capaz de se governar a si mesmo não será capaz de governar os outros.
Gandhi