A educação a caminho de uma girândola


O Jornal da Madeira na edição de 7 de Abril, publica na sua primeira página, mais uma etapa da clara forma de atuar do secretário de educação que num comportamento ditatorial e autista resolveu não dar importância nenhuma ao que discutiu com os representantes dos sindicatos e avança com medidas que lesarão os professores de forma irremediável. Depois de mentir, enganar os sindicatos, parece que é um pontapé para a frente ou um passo para o precipício. 

É preciso entender que esta é outra geração de políticos que ligam bem menos aos valores. Fizeram-se umas negociações de fachada com vista a manter as medidas que beneficiarão o secretário, os familiares e os amigos que partilham da mesma profissão. De forma grave ignora os sacrifícios que os próprios colegas de governo estão a impor aos seus colaboradores.


















Vamos então ver o que está a ser preparado à vista de alguns e mal explicado a todos. É fácil de compreender. O sinistro Secretário da Educação preparou para remeter ao Parlamento uma proposta de Decreto Lei dos concursos de professores para o próximo ano letivo, que deveria ser um documento consensual, na perspectiva de todos os professores pudessem ter a sua vida mais organizada em determinadas zonas pedagógicas e assim saberiam em que escola ou zona geográfica mais restrita iriam ficar no próximo ano letivo.

Com a proposta de criar duas zonas pedagógicas, contra a vontade dos sindicatos, o Secretario de Educação e os seus capangas diretores regionais impõem aos professores, que não fazem parte dos quadros de escola, a obrigação de aceitar o andar a saltar de escola em escola todos os anos com a particularidade de um ano estar no Porto Moniz e no ano seguinte ou nesse mesmo ano ir para uma escola a quilómetros de distância. Isto, como todos sabem, destrói os orçamentos familiares. Como podem exigir aos nossos colegas que exista motivação e criatividade, quando as emoções negativas da instabilidade se fazem sentir, quando já têm um acumulado de problemas e o Secretário adiciona ainda mais. Não há respeito.

O que também é extremamente grave é o facto de ter criado uma solução que vai provocar menos contratações nos colegas que já estão em situação precária há anos, mas que contribuíram para o desenvolvimento da região. Pois vejamos, os professores ao ficarem distribuídos por duas zonas, sendo uma delas pequena como a do Porto Santo, rapidamente iremos ter à partida nesta todos os lugares ocupados. A zona Madeira irá também rapidamente ser preenchida, pois a demografia assim obriga e as fusões irão dar a machadada final.

Este secretário é para o Governo Regional e o PSD o seu verdadeiro carrasco mas isso é problema deles. Neste âmbito até é de louvar, pena que seja à custa dos professores e das suas famílias. Depois será uma morte anunciada. Para todos.

O que é extraordinário é que irá justificar no Conselho de Governo, ao bando de totós que lá fazem figura, de que é uma medida excelente para a gestão e a contenção financeira. Mas como o Presidente anda sempre entretido na sua linha, mesmo que esta lhe passe por baixo do seu nariz, será sempre inspiradora para o presidente, pois vem branqueada pelo Secretário de Educação.

Em contrapartida, os professores que fazem parte dos quadros de escola (que já tem a sua vida assegurada na rotina dos anos) só lhes resta agradar aos diretores para poder ter acesso aos melhores horários ou então assegurar os destacamentos que os colocam em gaiolas douradas longe dos alunos.

Aqui chegamos ao compadrio e a cunha para ser destacado ou então beneficiado com o tal Olimpo já aqui citado na Direção Regional de Educação ou outras associações onde os Diretores Regionais Marco Gomes, António Lucas, David Gomes com a aprovação do Secretário Regional Jorge Carvalho e vistoria histérica da sua famosa chefe de gabinete a MIUT (Muito Inconveniente Urticaria Totó) Sara Relvas e ainda posterior a vistoria do penetra (de popa) de Jorge Morgado. Uma máquina pesadíssima mas oleada para as conveniências pessoais.

O clímax da história é a renovada promessa de descongelamento (a chamada cenoura) e a contagem de tempo de serviço, que irá beneficiar todos os que são próximos ao secretário, aos seus diretores regionais, familiares e amigos que mantém refém o Governo Regional, com base no medo de umas eleições que vão perder.

O partido JPP solicitou a presença do Secretário da Educação na Comissão de Educação liderada pela excelente deputada e profunda conhecedora e amante das matérias relacionadas com a Educação, tchan tchan ... Rubina Leal. Pessoa que adora ter outros na mão.

O CM sabe de fonte segura que Rubina Leal está excitadíssima com a oportunidade de finalmente ter Jorge Carvalho à sua mercê, para provar que a Educação é matéria da área social, logo a Secretaria da Educação seria uma óptima Direção Regional da Secretaria da Inclusão. Com uns subsídios aos futuros professores desempregados, com umas fusões entre Casas do Povo e umas escolas, com os professores de quadro que envelhecem mas não podem se reformar que passariam a ocupar salas vazias (em poucos anos mudavam-se as escolas para lares de idosos) são ingredientes da receita da precariedade para ter a Educação na "mão".

Todos estes problemas são evitáveis e supérfluos. Só as ambições de governantes em causa própria os criam. No gabinete de Jorge Carvalho há apreensão entre os seus assessores, por causa deste reencontro com Rubina Leal, pois todos sabem que os seus dotes orais são fracos, levando sempre o discurso escrito, tudo pequenas coisas que vão menorizando um Secretário muito cheio de sim mas um verdadeiro flop. A comparação é deliciosa para as pretensões de Rubina Leal neste campo.

É uma incógnita o desfecho para o Secretário perante este desafio multifacetado, ainda para mais porque se irá sentar ao lado de uma mulher que atua sempre a quente quando ele há anos que vive com uma morna.


Hoje não encerro com uma citação minha, vou repetir uma que gostei do Sttau ontem, que acerto!

"Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada… Pobre de quem lembre ao poderoso a sua origem… Do alto do poder, tudo o que ficou para trás é vago e nebuloso"
Luís Sttau Monteiro