Segunda-feira, 04 de Junho de 2018 00:45
Texto e título do autor. Imagem do CM.
A palavra crise, quando escrito em chinês, compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade. Esta frase foi proferida num outro tempo e certamente num outro contexto sócio-político, pelo antigo presidente dos EUA, John F. Kennedy, mas estou convicto que hoje, pelo que a história já nos ensinou, mais do que nunca, podemos entender a origem deste vocábulo.
Hoje, quem está em crise é o PSD-M. E de facto, está em perigo. Está em perigo porque o domínio de mais de quatro décadas chegou ao fim. Durante este tempo o partido assumiu um papel fundamental e inegável no desenvolvimento da Madeira, papel alicerçado numa figura carismática e essencial neste processo, o Dr. Alberto João Jardim. Sem o seu pai o partido sentiu-se órfão, mas mais do que isso, a Madeira sentiu-se e sente-se órfã. Por muito que o Dr. Miguel Albuquerque tivesse sido bom no seu trabalho (o que não foi), estava, infelizmente, condenado desde o primeiro dia, assombrado por um passado de exuberância e progresso democrático irrepetível.
Se, como tudo indica, no próximo ano, o PS-M formar governo, o PSD-M vai colapsar. Aliás, temo que mesmo que isso não aconteça, o PSD-M esteja condenado, pelo menos se seguir a mesma linha de atuação. Mas o PSD-M não pode parar, muito menos quando mais a Madeira precisa. Urge encontrar um sucessor, não um outro Alberto João, mas alguém com credibilidade política que consiga estabelecer consenso dentro do PSD e criar pontes na Assembleia, com vista a formação de um governo.
Na linha de sucessão óbvia está Pedro Calado, que apesar de ter firmeza e perseverança, não tem a credibilidade nem a perspicácia política para chefiar um partido ou um governo. Não tem credibilidade porque representa tudo aquilo que de pior se fez nas últimas décadas, representa a pseudo-aristocracia que gere os concursos políticos e que destrói o conceito mais basilar de democracia.
Outros nomes, ainda deste governo, são Sérgio Marques e Rubina Leal, mas, quer um quer outro, estão associados ao fracasso deste governo e no caso particular de Rubina Leal, à derrota na Câmara, ainda muito recente.
Resta-nos os delfins, João Cunha e Silva e Manuel António Correia. O primeiro, tem muito pouco apoio das bases, e a sua imagem negativa predomina entre os militantes. Por fim, Manuel António Correia, tem o apoio, tem a credibilidade e inteligência, e pode ter sucesso se esperar pelo momento certo e tomar novamente lugar na vida pública.
Crise. Perigo e oportunidade. Perigo ou oportunidade?
A corrida já tem nomes, Rubina Leal e Manuel António Correia, resta saber que fica em perigo e quem terá a oportunidade, de qualquer forma, a crise está aí.