Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 07 de Julho de 2018 13:12
Texto e título enviado pelo autor. Ilustração do CM.
Penso não ser o único que nota um novo fenómeno nos jornais regionais onde uma boa parte dos comentadores estão mais interessados em se promover e dizer que estão vivos do que fazer uma análise no interesse do público em geral.
Pensam eles que contagiam os leitores para o que lhes convém na vida quando, pelo menos no meu caso, afasta-me da leitura dos jornais regionais onde as edições se resumem as notícias que podem dar, à cobertura sem substância de conferências, a copiar os comunicados, aos conteúdos dos ditos comentadores, toneladas de desporto e publicidade encapotada feita em formato de notícia mas de, sobretudo, leituras que salientam uma parte dos factos para agradar um qualquer interesse da entidade patronal ou subjugação a fretes aos poderosos. Não existe na realidade regional um jornal independente que faça investigação quando estamos na Madeira, onde também penso que muitos devem suspeitar que há muito para descobrir.
Tudo isto aborrece e provoca o afastamento dos leitores na já de si complicada situação dos jornais no país e na qual a Madeira não foge à regra. Bem sei que facturam e lidam com pinças a quem lhes dá dinheiro para sobreviver mas, volto a dizer, quando a opinião é uma parte independente a cargo de comentadores, estes são responsáveis pelo que dizem e não os jornais que só dão o espaço mas, nem nisso há coragem. Estão a matar a pluralidade e a capacidade de analisar com isenção a favor dos leitores, acho que só estão a adiar algo que não sei definir mas que é péssimo: a nossa clausura mental. O de só pensarmos como nos deixam para poder viver neste lugar encurralado pelo poder económico da Madeira. Acho que um dia vamos descobrir as verdades escondidas e ter uma hecatombe social tal como descobrimos a dívida escondida. Nesse dia todas as injustiças e nojentices serão reveladas e teremos uma sociedade desacreditada, desconfiada de todos, amargurada pela tal injustiça.
Não concordo com alguns exageros do CM mas globalmente é sem dúvida algo fresco no panorama regional. Gosto do facto de ser linear, ou melhor, de dizer sem rodeios, sem aquele estilo espertalhão de acusar com uma no cravo e outra na ferradura para no computo geral estar menos mal com todos. O CM não busca a quadratura do círculo. Por fim dizer que quando aplicam o humor têm um produto satírico de excelência. Apreciei os primeiros tempos em que encostaram o CM às fakenews mas agora, pelo tipo de trabalho que desenvolvem, põem esse epíteto no lado contrário. Pela boca morre o peixe.