Quando a porcaria é previsível revela, acima de tudo, falta de inteligência, e isso, caros leitores, pelo que transpira, parece que é o que existe demais neste Governo Regional.
Há muitos meses atrás alertamos para o facto da compra do Jornal da Madeira por um conhecido empresário da informática trazer água no bico. Ninguém, em pleno uso das suas faculdades mentais, compra um cancro sem ter garantias da cura! Que raio se passou então na cabeça do tal empresário informático - que de burro não tem nada - para ficar com um aborto com custos exorbitantes nas mãos?
Para quem se lembra, não tem muito tempo, esse empresário esperneou em público - com folclore e tudo na primeira página do Diário - por causa da decisão do governo em adquirir uma plataforma de Gestão Documental a um concorrente. Por coincidência, ou não, umas semanas depois, o Diretor da PaGesP foi afastado e substituído depois de ter infantilmente sugerido, no seu facebook, que o empresário usasse uma pomada para dor de cotovelo.
Como resultado de toda a quezília, e segundo parece, a aquisição do tal software ficou em águas de bacalhau. A pomada deu mesmo resultado e a dor ficou sanada!
Para quem não sabe a PaGesP, agora DRPI – Direção Regional de Património e Informática, é a Direção Regional dependente da Vice Presidência que gere, como quer, e como lhe apetece, todo o parque informático de todo o Governo Regional. Segundo fonte, a que o CM teve acesso, gere e muito mal. Existem inúmeras queixas da Administração Pública pelo mau funcionamento da informática, quer em apoio, quer em soluções, quer em tempos de resposta.
Na verdade, em termos curriculares, a DRPI está minada de projetos falhados. Todos já ouvimos falar da famosa adjudicação duma rede de fibra ótica à EMACOM (empresa de Capitais Públicos da EEM), cujo objetivo era poupar dinheiro substituindo as ligações e as centrais telefónicas dos operadores por uma rede privada que incluísse ligação à internet e VoIP, poupando milhões de euros anuais ao erário público.
E qual o resultado das poupanças deste grande projeto da PaGesP? As ligações telefónicas e as ligações à internet continuam na mesma, ou seja, na realidade, com esta nova rede a fatura total subiu. E sinceramente, pagar uma pipa de massa por ano a uma empresa pública por uma ligação com pouco tráfego só pode ser anedota ou então ser apenas uma operação de engenharia financeira para financiar a EEM, porque tecnicamente este projeto é um rotundo fiasco. Para tirar dúvidas, que se publique o tráfego da ligação de fibra ótica e o número de chamadas de VoIP.
Se juntarmos a toda esta panóplia de negócios, os contratos anuais de software e hardware, como o do papão da Microsoft, o das impressoras Canon, e outros mais pequenos e anónimos, temos um sorvedor de dinheiros públicos descontrolado.
E como se tudo isto não bastasse, agora somos surpreendidos por novos contratos de serviços por Adjudicação Direta, por coincidência, à mesma empresa que detém o Jornal da Madeira, que imagine-se. no total do ano já ultrapassa os valores normais de um concurso público, motivo suficiente para a intervenção e parecer do Tribunal Contas.
E neste caso, a questão que qualquer pessoa, minimamente inteligente, coloca, é que se a DRPI possui nos seus quadros mais de 40 engenheiros e técnicos de informática e tem nas suas competências o desenvolvimento de software à medida, porque vai adquirir serviços de software uma empresa privada? E os técnicos de informática da DRPI vão fazer o quê? Trabalhar em part time nessa empresa para ganhar uns dinheirinhos extras?
"O primeiro esboço de qualquer coisa é sempre porcaria"
Ernest Hemingway