Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2019 07:37
Texto e título enviado pelo autor. Ilustração CM
Costa, na iminência de contestação por coletes amarelos, aumentou as desigualdades de direitos entre trabalhadores em funções públicas e trabalhadores em empresas privadas. As mais notórias são: salário mínimo, horário de trabalho, e idade de reforma antecipada.
Com isto, a união dos trabalhadores em quase todas as causas (Saúde, educação, direitos, combate à corrupção, …) estará votada ao insucesso pois haverá sempre um individuo a declarar publicamente: “Os funcionários públicos são cidadãos de primeira. Eu, como trabalho no privado, puseram-me na quarta categoria”. Estas declarações provocarão discussões entre protestantes, e consequentemente a divisão do grupo, que por sua vez diminuirá a força das acções de protesto, o que condicionará o sucesso da luta. Chama-se a isto “dividir para reinar” embora também dê para roubar. Vi situações análogas nas trocas de mensagens entre membros da organização dos “coletes amarelos” na Madeira.
Não sei como é que o PCP e Bloco de Esquerda deixaram passar esta situação …
Sou funcionário público, e admito que os funcionários públicos têm mais direitos que os trabalhadores em funções privadas. Mas também admito que são esses direitos extra (nomeadamente o de ser dificilmente despedido) que permitem enfrentar desmandos de chefias corruptas aplicando a lei para benefício do contribuinte e do cidadão.
Essa defesa do Bem Comum tem custos para o funcionário: é emprateleirado e a sua progressão obstruída.
Concluindo, nivelar os direitos por baixo (como defende o partido Aliança) prejudicará inevitavelmente o cidadão; fazer com que os direitos dos funcionários públicos sejam iguais aos do privado fará com que a função pública seja maleável à discricionariedade dos políticos. Alguém deseja isto numa terra em que parece que os Tribunais legalizam a corrupção? (alguém conhece a posição do Tribunal de Contas sobre os contratos da Medicina Nuclear?)
P.S.: As duas outras categorias intermédias consideradas pelo eventual trabalhador de uma empresa privada são: os indigentes, e os criminosos.