O Bode Expiatório


O ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos já tinha alertado para a suspeita de fraudes no chamado subsídio de mobilidade das passagens áreas entre a Madeira e o Continente. Se bem que as fraudes em Agências de Viagens não seja um assunto novo em Portugal o estranho deste caso são os valores envolvidos, isto é, descobriu-se que os valores totais quadruplicaram em 4 anos, de 17 para 75 milhões de euros. 

Dado a reconhecida separação de poderes, o ministro nunca poderia advinhar, ou sequer imaginar, que a Policia Judiciária já investigava este caso há anos, numa operação denominada de “Pégaso”. Para quem não sabe, Pégaso é um cavalo alado, isto é, uma figura da mitologia grega que simboliza a imortalidade e o eterno. 

E na sequência da investigação levada pela Policia Judiciária, foram efetuadas várias rusgas e detidos quatro suspeitos. Segundo consta as rugas envolveram mais de 19 operacionais da Policia Judiciaria e outras polícias. 

Com a detenção o escândalo rebentou, e não foi preciso esperar muito tempo para que o representante das Agências de Viagens na mesa da ACIF viesse muito aflito afirmar que é preciso separar o trigo do joio porque ele, e toda a gente, sabe que nunca houve fraudes em Portugal com Agências de Viagens. 

Como é público, o individuo detido, e que ficou em prisão preventiva, já tinha sido condenado a pena de prisão suspensa pelo mesmo tipo crime, e a conclusão que se tira  disto é que, ou é burro, ou o crime compensa mesmo. 

Agora vamos a factos. Se os valores dos subsídios quadruplicaram, e considerando uma progressão matemática linear, significa que estamos a falar de uma burla, de pelo menos, 50 milhões, o que não bate a bota com a perdigota. 

E salvaguardando a presunção de inocência, e para quem conhece minimamente o detido, sabe que não ostentava luxos, e segundo consta no meio dos amigos, usou o dinheiro para pagar um apartamento que ainda devia ao banco e os estudos do filho no Continente, ou seja, nada que se pareça com 50 milhões. 

Claro que isto não o iliba de eventualmente ter cometido o crime, agravado pelo facto de ser reincidente. E nisto tudo, não podemos ser ingénuos e ter a noção que, por ser reincidente, era o alvo mais fácil para o cavalo alado “Pégaso”. 

Entretanto o tempo passou, e a poeira assentou, e o que se sabe agora é que, no meio de isto tudo, começam a surgir mais suspeitas sobre Viagens de Grupo que envolvem Câmaras Municipais, Juntas de Freguesias e Casas do Povo, ou seja, como seria de esperar, tinha de  haver políticos metidos nesta salganhada. Assim, e em nome da verdade, o “Pégaso” vai ter de cavalgar ainda muito por outras Agências de Viagens e por alguns Partidos Políticos, doa a quem doer! 

A Justiça tem apenas um infeliz de um Bode Expiatório, e pouco mais!

"É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente"

Voltaire