Nascer na Madeira em em meados do século passado, significava passar a vida na pobreza e na ignorância. Uns mais ambiciosos emigraram e contaram que as coisas não precisavam ser assim; havia sítios melhores.
Uns por ambição, outros para fugir à guerra emigraram para a Venezuela. Ao chegar perceberam a causa de todas as suas amarguras: a Política e a cupidez dos ricos da terra.
Sofreram, comeram o "pão que o diabo amassou", foram insultados ("volta para tua terra, português muerto de hambre"), foram explorados pelo seu semelhante. Rezaram. Rezaram como só os injustiçados e necessitados rezam.
Alguns retribuíram a exploração; outros tiveram um semelhante em quem confiar. Para alguns a vida melhorou.
Esses pensaram e prepararam as coisas para voltar. Mais tarde perceberam que não iam voltar. Pagaram promessas, e mostraram que tinham valor aos do sítio em que nasceram.. mas não se importaram com o destino do próximo. Deixaram os políticos fazerem o que bem entendiam. Esqueceram-se rápido do valor da Política e do seus semelhantes.
A política venezuelana extremou de uma tal forma que virou ao contrário ... mas os emigrantes continuaram a nada fazer. Quando tudo estava perdido lembraram-se da política, mas nada já havia a fazer.
Poucos tentam o regresso à terra natal ... e acabam apoiando e vendo os seus apoiarem os mesmos que os forçaram a emigrar com a sua política de Dominação e Cupidez que mantêm. Para além de a si próprios, até Deus eles traem.
Esperar a morte, fazem eles, deixando o Mundo tal como o receberam, vendo os seus apoiarem os perversos que prometeram odiar e combater.
Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há-de voltar a fazer-se e nada há de novo debaixo do Sol!"
(Eclesiastes)
Tudo isto é ilusão e correr atrás do vento."
(Eclesiastes)
Mas isto só é verdade se não construirmos um Mundo melhor que perdure. Um Mundo melhor é um mundo mais justo porque não sabemos de que lado da fronteira os nossos cairão.
Título e texto enviados pelo autor. Ilustração CM.