Nos últimos dias têm surgido denúncias no Correio da Madeira de procedimentos concursais para emprego na Função Pública feitos à medida. Para muitos não é nada de novo e até consideram normal que se dê preferência aos afilhados em detrimento dos mais válidos pois, segundo os prevaricadores, quem é mesmo bom arranja emprego no Privado.
Salvaguardando a presunção de inocência, o direito à suspeição está consagrado na Constituição Portuguesa e os indícios de burla neste tipo de procedimentos são cada vez mais evidentes em todo o lado.
Aqui mesmo no CM, há pouco tempo, foi denunciado um procedimento concursal no Município de Câmara de Lobos onde os primeiros classificados seriam todos conhecidos. Tenho uma grande consideração pelo Pedro Coelho, e até considero que até seria um bom presidente para o PSD-Madeira e por isso estou convicto que, em nome da sua idoneidade, e porque não deve querer ter rabos-de-palha, mandará indagar se algum concorrente teve conhecimento prévio das provas ou até mesmo da entrevista. A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.
Claro que o Município de Câmara de Lobos não é caso único, e as burlas nos procedimentos estão a tomar contornos incontroláveis. Aqui mesmo no Correio da Madeira denunciou-se os casos dos procedimentos para a Autoridade Tributária onde estranhamente um concorrente com 9.5 obteve 20 na entrevista e ficou apto, ou seja, é mais importante para a Autoridade Tributária ser bonito ou oralmente competente do que saber calcular as taxas dos impostos dos cidadãos.
E se o PSD possa ser acusado de ter afilhados, o PS não se pode ficar a rir. Espera-se ansiosamente o resultado do efémero concurso - que já corre há mais de um ano - para Assistentes Técnicos para a Câmara Municipal do Funchal. Diga-se, desde já, que o concurso já está ferido de morte. Existe uma denúncia que correu nas redes socias, e que curiosamente ainda não foi negada pela CMF, que numa das salas da prova foi autorizado o uso de Tablets e Telemóveis enquanto nas outras todos os concorrentes fora obrigados a deixar os referidos equipamentos eletrónicos à porta.
Meus caros, com tablets até a minha mãe tinha 20! Além da pesquisa por conteúdos dos PDFs serem mais rápidos e expeditas, e facto destes poderem estar ligados à internet é um forte indício de que podem ter obtido as respostas de alguém do exterior. Não tirando o prestígio aos 20 obtidos, ficará sempre a suspeição porque é que mais de 97% dos concorrentes obtiveram negativas baixíssimas e foram eliminados. Se o teste era difícil então a CMF pode já contar com génios nos seus quadros. Com tudo isto vamos ficar atentos para saber quais dos agora 40 que vão à entrevista são "afilhados" do Miguel Gouveia.
Se juntarmos a tudo isto os concursos para cargos dirigentes feitos à medida, com pedidos de licenciaturas estranhas, então estamos entregues à bicharada! Então como eliminar todas estas suspeitas?
Uma das soluções seriam as perguntas das provas serem elaboradas por uma entidade idónea externa, como uma Universidade ou Instituto e entregue em envelopes lacrados e apenas abertos publicamente na hora da prova.
Outra das soluções seria utilizar plataformas informáticas por isso deixo aqui o desafio (e uma ideia) para a ACIN lançar uma plataforma eletrónica a nível nacional em que, por exemplo, as perguntas seriam geradas aleatoriamente na altura do exame sem hipótese nenhuma para o conhecimento prévio.
Com todos estes cenários suspeitos de fraude, cabe ao legislador, e nesta legislatura à maioria da oposição, alterar a lei e os procedimentos adotados para que as ofertas de emprego na Função Pública sejam corretos e justos.
E por fim, uma palavra de desagrado para a inércia de quem fiscaliza o cumprimento da Lei, mas outra coisa não seria de esperar de Juízes que são apanhados a copiar nas suas provas de admissão.
A Função Publica precisa dos melhores e não de Afilhados!
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 22 de Fevereiro 2020 09:51
Texto e título enviados pelo autor. Ilustrações CM.