Médicos e renúncia aos cargos


Com a vinda do Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos à Madeira a situação no meu entender não melhorou, parece-me mesmo que piorou, sobretudo por causa do que se passou na reunião no hospital (veja-se as declarações de Rui Barreto no dia seguinte).


Assim, creio que seria do interesse de todos, sobretudo da população, que se começasse a pensar num plano que permita sair deste imbróglio.

Vejamos as condicionantes:

Por parte dos médicos temos que a referida instrumentalização política do cargo de diretor clínico (DC) serve em termos formais mas cola pouco em termos de conteúdo pois o cargo sempre foi de nomeação política/confiança pessoal; acresce que o governo constituiu-se respeitando as normais constitucionais e democráticas. Ora na política existem 2 pilares: o poder partidário e o executivo, este inerente a quem ganha eleições. O exercício deste mesmo poder quando é feito em coligação passa por distribuir pelouros entre os partidos que integram a coligação. Assim, dizer que o CDS é minorca ou outras coisas do género, só serve para acicatar ânimos.

Outro aspeto relevante, é o receio que o DC nomeado volte a comportar-se como um intriguista, injuriador e desestabilizador, defeitos que lhe são apontados por comportamentos digamos, bizarros, no passado.

As suas declarações proferidas no parlamento quando deputado do CDS na oposição no meu entender não ajudam mas também não são muito relevantes para o caso.

A não ignorar, no meu entender, é a perceção que os interesses pessoais de um número significativo dos elementos que renunciaram aos seus cargos possa ser atingindo, mas não me vou alongar neste assunto.

Acresce que Miguel Albuquerque sabe que eleições em princípio só daqui a 3 anos e meio. Entretanto, muitos dos contestatários atingirão ou estarão muito próximo da idade da reforma, o que limita prazos.

Lembre-se também que o atual Secretário com a sua posição ambígua (a esposa ao lado dos contestatários e ele aparentemente do outro) se desautorizou e, ao que parece, pouco manda.
Um outro aspeto que é especulativo mas que não pode ser ignorado, prende-se com aquilo que será a postura do PSD em relação a dar ou não condições ao atual DC para que este possa executar com eficiência a sua função.

A perda ou a limitação na capacidade formativa resultante da renúncia aos cargos de diretor de serviço vai afetar os internos (médicos em formação) e desprestigiar a instituição e, a médio/longo prazo, comprometer a qualidade dos serviços prestados.

Perante isto e como medidas para ajudar a desbloquear esta situação, sugiro o seguinte:
  • que o atual organigrama hospitalar não seja alterado, de modo a que quem atualmente se ocupa de uma determinada patologia a mantenha, não havendo transferência de unidades de tratamento de um serviço para outro.
  • que seja dada uma oportunidade ao atual DC de mostrar o que vale pelo que se manteria no cargo durante ano e meio findo o qual se submeteria a uma apreciação por votação secreta em que todos os médicos com vínculo ao SESARAM poderiam expressar-se.
  • que se melhorem os incentivos para a realização de exames e cirurgias no hospital fora dos horários de trabalho e assim despertar o interesse em atenuar o problema das listas de espera. 
  • que se proceda à contagem do tempo de serviço á semelhança de outras profissões que também integram o SESARAM e assim dar a possibilidade de progredir na carreira médica (na RAM está bloqueada há pelo menos 15 anos).
Já vai longa a conversa, pelo que agradeço a vossa atenção.


Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 23 de Fevereiro 2020 12:04
Título e texto enviados pelo autor. Recortes CM.