Covid: três cenários


Partindo do pressuposto que não há cura para esse vírus nem imunização dos infectados pelo Covid. Também é presumido que os custos das sequelas dos infectados pelo Covid é baixo.

Cenário A:

As medidas de diminuição da propagação do Covid são de tal ordem que, tanto a nível regional, nacional e mundial, ao fim de uns meses a disseminação finda e os infectados ou morrem ou recuperam.

Neste cenário, fechar o aeroporto, fechar escolas, impedir a circulação de pessoas, criar um clima de medo, etc… i.e., as medidas que estão a ser elaboradas e executadas são as menos erradas.

Obviamente a eficácia destas medidas é determinada pelo seu planeamento e justeza (logo, pela competência dos decisores políticos), pela transmissão de informação e afetação dos recursos necessários (logo, pela competência da linha hierárquica), pela competência dos implementadores e pela confiança destes últimos nos decisores políticos e linha hierárquica.

Cenário B:

As medidas de diminuição da propagação do Covid a nível regional ou nacional podem resultar nalguns países. Mas haverá sempre bolsas de infetados nalgum ponto do Mundo, tanto por falta de dinheiro desses países para identificar, confinar e tratar os infectados, como por falta de estrutura do Estado para controlar a circulação de pessoas ou por desfasamento temporal da propagação desse vírus.

Os Estados que conseguiram diminuir a propagação do Covid, a certa altura irão relaxar nas medidas preventivas (pois não conseguem mantê-las indefinidamente), levando a novos surtos (importados) da epidemia. A circulação de pessoas será para sempre restringida. São tomadas medidas para que o Turismo passe a ser intra-regional ou intra-nacional.

A falta de dinheiro das populações mais desfavorecidas desses Estados também pressionará o relaxamento interno das medidas preventivas. Em casos extremos, as populações mais desfavorecidas, ao ter que escolher fome ou Covid, irão generalizar a violação das medidas preventivas. O Estado será mais policial, levando a insurreições e à criação zonas (guetos) em que o Estado não tem qualquer tipo de controlo.

Entretanto, os Estados pobres que não conseguiram controlar o Covid entram numa grave recessão económica devido à diminuição do consumo nos Países Ricos. O Covid fica completamente descontrolado nesses países, embora as classes ricas e média tentem impor Estados Totalitários Musculados (i.e., Ditaduras).

A emigração para os países ricos aumenta, levando a contágios nesses países.

Os países ricos passam a ter graves problemas económicos, sociais e xenofobia que levará a Estados Policiais.

Neste cenário B, as medidas menos erradas são:
  1. Numa primeira fase, medidas preventivas para impedir a propagação do Covid (um pouco mais suaves que no Cenário A), e estabelecimento regras, normas e leis que perdurem, nomeadamente, relativas à disseminação (ex: teleaulas, etc..) como para a manutenção de um tecido económico confiante e consequentemente activo, enquanto se prepara a desglobalização, i.e., criar a independência de bens, serviços e recursos (incluindo financeiros) do país ou região. Isto significa voltar a centrar toda produção dentro do país. O controlo estatal da produção deixa de ser feito através do consumo, mas sim através dos produtos que são dados a escolher à população.
  2. Diminuir o medo relacionado com o Covid (nem que seja por criar histeria para depois seja implementado o relaxamento quase total);
  3. Executar a desglobalização.
As medidas tomadas no cenário A são incompatíveis com o cenário B pois consomem todos os recursos disponíveis e que são necessários para preparar e executar a desglobalização (que é a solução do cenário B).

Aqui na Região, faltam alguns ingredientes para implementar as medidas do cenário B, nomeadamente, falta de armazenamento de água, desconfiança generalizada nas instituições, compadrio e desvalorização do mérito.

As pessoas não esquecem que Albuquerque não pune quem está associado a furtos nem quem está associado a assédio moral no trabalho. Nem eu nem os perfis falsos do PSD-M conseguem imaginar uma razão para que alguém que promova o Bem Comum não puna esses dois tipos de prevaricadores.

“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.” Abraham Lincoln

Cenário C:

Não se consegue resolver a pandemia e aprende-se a viver com ela. As regras e equilíbrio entre forças pré-Estado de Emergência voltam a estar em vigor.

A nível mundial são admitidas mortes e sequelas pelo Covid, da mesma forma que é admitida a fome, mortes por gripe, mortes nas estradas, mortes por falta de vacinas que custam dois euros, falta de tratamento e medicamentos para alguns, o alcoolismo, a corrupção, a perseguição política, o analfabetismo, a ignorância, etc ...

Neste cenário, só interessará sair da crise económica e diminuir o desemprego pelo que as medidas tomadas contra o Covid só interessarão para determinar a posição de saída da crise: quanto menos o Estado gastar nesta crise do covid, em melhor posição estará de se endividar para sair da crise económica. As medidas tomadas para o cenário B tendencialmente promoverão uma mais forte retoma económica e uma mais acelerada diminuição do desemprego. Por outro lado, essa forte retoma impedirá uma Reforma profunda do Estado.

As pessoas irão recordar este momento de crise do Covid como uma loucura generalizada.
Na minha opinião, este cenário C é o mais provável.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 1 de Abril 2020 11:58
Texto e título enviados pelo autor. Ilustração CM.