Presenciei há poucos dias, por alerta de uma senhora no vosso facebook, sobre uma dose imensurável de xenofobia de madeirenses com contra madeirenses. Percebi que se sais da ilha, porque emigras ou estás em viagem, passas logo a estrangeiro e abastado. Madeirense já nem é quem tem a Madeira no coração e muito menos nascido na ilha. Já é tão superior que até cheira mal.
A qualidade de ser natural da ilha é a mais forte ligação que temos do momento em que nascemos para além da nossa mãe. É espontâneo e com ausência de qualquer artifício como pode acontecer com a nacionalidade. É por isso que, nos nossos dados básicos, diferenciam naturalidade de nacionalidade.
Na cabeça de alguns madeirenses, sair da ilha é entrar imediatamente num conceito de abundância, estabilidade e boa vida, o que é curioso! Porque se são Povo Superior, na ilha perfeita que deita culpas ao exterior, não deveria haver toda essa visão, a abundância deveria residir na Madeira e ninguém tinha que sair.
Portanto, quem sai é que não teve oportunidade, a ilha falhou e teve que emigrar, não é condição de abundância mas de necessidade. Pode-se emigrar e ser um precário mais bem remunerado mas, somos precários. Pode-se estar a começar vida e ter o dinheiro contado à semana ou ao mês. Podes ter somente a vontade de regressar à tua naturalidade para junto da tua família porque será mais fácil passar por uma crise.
Se estás em viagem, com o dinheiro contado, tens que regressar porque quando acabam as tuas poupanças ou cartão de crédito entras em colapso e, nesta situação de não haver voos e não teres como pagar para comer e estar abrigado, ainda te vês num instante como um sem abrigo sem ninguém que te valha.
Cada um sabe das suas condições e tem o direito de naturalidade para optar por regressar ao lugar que nasceu, supostamente para junto da sua família depois de uma aposta no estrangeiro ou de uma simples viagem.
Confesso que depois desta experiência já não sei de onde sou, os fundamentos e as minhas crenças fixas desvaneceram e só me lembro de uma conversa feita, que ninguém escolhe a família onde nasce mas escolhe os amigos. Neste momento, apesar de madeirense, sinto que não pertenço à Madeira, não me revejo, sempre que dou uma hipótese ela falha. Já tinha falhado na oportunidade de fazer vida e agora falha na minha própria naturalidade.
Duas palavras finais, é bom ter o CM, se vos insultam é que são bons e fazem mossa, se vos rejeitam é que sofrem de xenofobia daqueles que sentem ameaça em tudo e perdem o juízo, só querem saber de si. Quanto ao governo regional, experimentei tudo o que diziam, gente desqualificada, desinformada, farinha do mesmo saco, chegou-se ao ponto de um governo dividir madeirenses para reinar e obter razão. Semearam e vão colher o problema, a xenofobia ficou pedra fora da mão. Eu não sou xenófobo mas Madeira agora é com um pé atrás. Um governo que promove isto deve ser posto na rua, não representa todos os madeirenses, primeiro os que têm cartão laranja, depois quem está na ilha mas a prioridade é todos os madeirenses. Da próxima vez que saírem da ilha para fazer campanha eleitoral deveriam levar todos uma malha. Falsos.
Quero que juntem o recorte que envio na publicação, aviso que não sou essa pessoa, ela só ilustra uma situação em centenas. Quanto a vocês aguentem-se.