As actuais lideranças do espectro partidário da Madeira bem que poderia ter saído do elenco da famosa série televisiva “Perdidos”.
Partido Social Democrata
Miguel Albuquerque, o presidente do Governo Regional, tem mundo. Miguel Albuquerque, o presidente do PSD, tem medo. Não conseguiu unir o partido em torno de si e apavora-se com a possibilidade de alguém se encontrar, neste preciso momento, a desenhar um projecto alternativo para o PSD. Por cada candidatura autárquica que lança gera uma mão cheia de descontentes que se sentem traídos com Ricardo Nascimento à cabeça. Estas hostes engrossam com as descomposturas públicas do líder a companheiros de partido. Tem tudo controlado.
Rui Abreu, secretário-geral do PSD, fez com sucesso uma operação de cosmética ao partido removendo cirurgicamente algumas espinhas dorsais incómodas. Depois do mérito que teve em salvar os 12 votos que deram a maioria absoluta ao PSD, tinha todas as condições para desenvolver um bom trabalho com o governo numa mão e o partido na outra. Esfregou as mãos misturando governo com partido e sentiu a omnipotência do jardinismo. Cava ódios e semeia ventos um pouco por toda a ilha e tudo se conjuga para que em Outubro venha a colher a tempestade perfeita.
CDS – Partido Popular
António Lopes da Fonseca tem cumprido com eficiência a sua missão de caseiro do CDS até 2018, altura em que se julga que Rui Barreto estará maduro para assumir a liderança. Nessa lógica de não estragar o que não é seu, após a demissão de Lino Abreu, Fonseca optou por não nomear um novo secretário-geral deixando essa decisão para uma eleição ao sabor do conselho regional propondo o seu próprio candidato, Martinho Câmara. Perdeu. Começaram a chover demissões.
Pedro Pereira é um jovem de 25 anos, líder da JP, militante do CDS e ex-militante da JSD, a quem caiu o secretariado de um partido no colo. A passividade do presidente do CDS valeu-lhe a ascensão ao segundo cargo mais importante do partido, criando uma situação caricata em que o recém-eleito secretário-geral é candidato à junta de freguesia do Monte por um movimento de independentes. Paradoxal.
Partido Socialista
Carlos Pereira agarra-se como tábua de salvação a uma sondagem que coloca o PS a 11 pontos percentuais do PSD. O que, para quem quer ser presidente do Governo Regional, é pouco. Poucochinho.
Jaime Leandro, sente-se ofendido e vem a terreiro protestar sobre os conselhos de um continental à estratégia política regional afirmando que na Madeira mandam os madeirenses. Palavras sábias deste frei Tomás natural de Santarém, onde tem José Cid como mau vizinho, e que é secretário-geral do PS-Madeira desde os tempos em era o maior partido da oposição na região.
Pelo meio de tanto drama, aventura e fantasia, da floresta da política regional aproximam-se sons assustadores como os que fazem os exércitos nas sombras. Será Alberto João Jardim? Será Manuel António? Será João Cunha e Silva? Será Paulo Cafôfo? Será José Manuel Rodrigues?
Talvez seja revelado na próxima temporada de “Perdidos”. Hoje é 1º de Abril e nesta ilha a sobrevivência não é um jogo.
"É do alto do poder da sua indiferença que os chefes dos chefes dominam o mundo."