Sou do tempo em que a RTP Madeira era a preto e branco, abria às 18H00 e encerrava às 23H00 com o Hino. Pelo meio da curta emissão via-se os Marretas com o famoso sapo Cocas, a sensual Miss Piggy, e o estúpido do Gonzo, que era o meu preferido. E lá para a hora do jantar apareciam os meninos rabinos da família Pituxa que nos mandava à força para a cama. Lembremos-nos que nesse tempo, os que queriam ver outro canal podiam sintonizar a única televisão esporádica que chegava das evoluídas ilhas Canárias nos dias secos do Verão.
Quase 50 anos depois, nada mudou além das cores! O Cocas e a Miss Piggy continuam nos programas da tarde, e o Gonzo, que de vez em quando, aparece no Telejornal. Felizmente, a vantagem dos dias de hoje é que quem quer ver boa televisão pode agora mudar para os mais de 200 canais alternativos que os operadores de televisão disponibilizam por menos de 30 euros mensais. Do mal, o menos.
E por falar em pagar, confesso-vos que me custa pagar mensalmente a taxa audiovisual de 2.85€ para financiar uma Televisão Pública regional que não tem interesse nenhum. E mais, até estou convicto que os únicos resistentes que vêm esse canal são os políticos, e apenas pelo fetiche de se verem a si próprios no Telejornal, pois lá foi o tempo em que o Telejornal da Madeira dava mais votos que as missas!
Ainda que, o que acima foi escrito possa causar incómodo a alguns, nem tudo foi - ou é - mau na RTP Madeira. Pela história da RTP-Madeira passaram excelentes profissionais como o Armindo Abreu que deixou saudades, e outros como o Calisto de que ninguém se lembra.
A verdade é que a RTP Madeira de hoje é ainda paga pelos nossos impostos mas gerida por mercenários bem pagos cujo único trabalho é filtrar as notícias que já saíram nos outros órgãos de informação regionais, ou seja, o que sai hoje no papel nos jornais pode sair amanhã na TV, mas apenas se for uma boa notícia para o regime. É jornalismo no seu pior!
E já que se fala em jornalismo, e consequentemente na ética e na deontologia que eles tanto prezam, que fique claro que, como em tudo na vida, a RTP Madeira tem excelentes e maus profissionais. Infelizmente ficamos com a impressão que os bons, já fartos de tudo, acomodaram-se, e agora apenas esperam pacientemente pelo ordenado no fim do mês. É a lei da sobrevivência!
O cenário apocalítico daquele canal é agora tão pérfido, que há quem confunda a parca produção regional com as temporadas da série “The Walking Dead”, com a diferença que aqui os zombies comem-se uns aos outros porque os vivos já fugiram todos.
E para acabar já com a suspeição da pura crítica destrutiva e maldosa deste texto, lanço o desafio, a quem de direito, para que torne público os números da audiência da RTP Madeira que, segundo consta, nem o SIS sabe.
Sem ressentimentos!