Há uns dias atrás todos vimos uma senhora, grávida de oito meses, a ser barbaramente agredida na Zona Velha da cidade. Se a tal cidade não fosse aquela que conhecemos rotulada como pacifica e longe dos tumultos do mundo, diríamos que estávamos algures na Síria do médio oriente.
E nesse dia, em que a Madeira apareceu nas televisões nacionais pelos piores motivos, alguém me dizia que tudo isto era o resultado de permitir a entrada de refugiados muçulmanos. Coño! Vá lá que, desta vez, os culpados não foram os infelizes dos venezuelanos.
Ficamos todos revoltados com a agressão, mas o pior, é que nem se questionou o comportamento de quem filmou o ato? Ele devia continuar a filmar ou ajudar? A terrível verdade, é que em vez de ajudarmos as vitimas, andamos todos preocupados de telemóvel na mão à espera que alguém morra para filmar e publicar no facebook. E tudo isto, caros leitores, por uns míseros likes?
Claro que se pode sempre questionar, se a cena não tivesse sido filmada, se calhar a agressão teria continuado e a vítima poderia estar agora morta num qualquer beco escuso da Zona Velha. Fica a dúvida.
Tudo isto leva-nos a refletir sobre a internet e as redes sociais. Ainda no outro dia, uma Televisão mostrava em Prime Time uma cena de pancadaria entre jovens, que foi do mais asqueroso que há, e ninguém questionou se a pessoa que filmava podia intervir para acalmar os ânimos e evitar os crimes. O que interessava mesmo era resultado chocante do vídeo. E se algum miúdo morresse? Ainda era melhor? O individuo que filmava não devia ser acusado de omissão e auxilio à vitima? Porque é que ele não guardou o filme para si, ou para a polícia, em vez de ir a correr publicar na internet? Para denunciar publicamente? Ou por que era cool ter muitos likes?
É o sangue na arena, isto é, estamos muito perto do tempo em que os romanos deliravam com os corpos dilacerados dos gladiadores. É tudo demasiado cruel para ser verdade, e por incrível que pareça, o vídeo da pancadaria teve centenas de milhares de likes!
Estamos na era da devassa cruel, e até a Polícia agora publica as fotos dos detidos mostrando-os como troféus. E o mais incrível é que o povo gostou porque na verdade aqueles merdosos espancavam velhinhos indefesos, mas o mais grave, é que para branquear o ato, publicou-se logo depois as fotos das vítimas. Dois crimes num só!
O que interessa é ter a opinião pública do seu lado. A justiça e o direito à presunção de inocência é apenas um pormenor, e o melhor mesmo é linchá-los sem julgamento, filmar, tirar umas selfies, e colocar no facebook para satisfazer o povo ávido de sangue.
Não tenhamos dúvidas que os likes começam a dominar o mundo! Se calhar o Miguel Albuquerque nem dorme com a miséria do número de likes que tem nas suas publicações. O Cafofo treme quando perde dezenas de likes para o BE. O CDS regozija-se com o aumento do número de likes graças às suas últimas atividades políticas. E, imagine-se que o PCP nem sabe o que isso é.
A propósito... façam-me um like!
Ficamos todos revoltados com a agressão, mas o pior, é que nem se questionou o comportamento de quem filmou o ato? Ele devia continuar a filmar ou ajudar? A terrível verdade, é que em vez de ajudarmos as vitimas, andamos todos preocupados de telemóvel na mão à espera que alguém morra para filmar e publicar no facebook. E tudo isto, caros leitores, por uns míseros likes?
Claro que se pode sempre questionar, se a cena não tivesse sido filmada, se calhar a agressão teria continuado e a vítima poderia estar agora morta num qualquer beco escuso da Zona Velha. Fica a dúvida.
Tudo isto leva-nos a refletir sobre a internet e as redes sociais. Ainda no outro dia, uma Televisão mostrava em Prime Time uma cena de pancadaria entre jovens, que foi do mais asqueroso que há, e ninguém questionou se a pessoa que filmava podia intervir para acalmar os ânimos e evitar os crimes. O que interessava mesmo era resultado chocante do vídeo. E se algum miúdo morresse? Ainda era melhor? O individuo que filmava não devia ser acusado de omissão e auxilio à vitima? Porque é que ele não guardou o filme para si, ou para a polícia, em vez de ir a correr publicar na internet? Para denunciar publicamente? Ou por que era cool ter muitos likes?
É o sangue na arena, isto é, estamos muito perto do tempo em que os romanos deliravam com os corpos dilacerados dos gladiadores. É tudo demasiado cruel para ser verdade, e por incrível que pareça, o vídeo da pancadaria teve centenas de milhares de likes!
Estamos na era da devassa cruel, e até a Polícia agora publica as fotos dos detidos mostrando-os como troféus. E o mais incrível é que o povo gostou porque na verdade aqueles merdosos espancavam velhinhos indefesos, mas o mais grave, é que para branquear o ato, publicou-se logo depois as fotos das vítimas. Dois crimes num só!
O que interessa é ter a opinião pública do seu lado. A justiça e o direito à presunção de inocência é apenas um pormenor, e o melhor mesmo é linchá-los sem julgamento, filmar, tirar umas selfies, e colocar no facebook para satisfazer o povo ávido de sangue.
Não tenhamos dúvidas que os likes começam a dominar o mundo! Se calhar o Miguel Albuquerque nem dorme com a miséria do número de likes que tem nas suas publicações. O Cafofo treme quando perde dezenas de likes para o BE. O CDS regozija-se com o aumento do número de likes graças às suas últimas atividades políticas. E, imagine-se que o PCP nem sabe o que isso é.
A propósito... façam-me um like!
"As redes sociais deram voz aos imbecis"
Humberto Eco