Quem diria que, 7 anos depois, Tolentino Nóbrega, tantas vezes visado e enxovalhado, ainda se iria rir com as bojardas que se dizem sem pensar que a democracia prossegue e as pessoas é que desaparecem.
AVISO NO CHÃO DA LAGOA
Jardim: “Não abro as pernas para o CDS entrar no governo” da Madeira
“Eu não transijo nem abro as pernas para o CDS entrar no governo” regional, advertiu este domingo Alberto João Jardim, admitindo um cenário de eventual perda de maior absoluta nas próximas eleições legislativas regionais.
“Não posso transigir com uma oposição que ataca a região em alturas difíceis”, nem “com gente do PSD que querem uma aproximação à oposição”. ”Beijem-se, mas não chateiem”, advertiu Jardim na festa anual do PSD, realizada este domingo na herdade do Chão da Lagoa, com muito menos participantes e reforçada segurança.
Traçando como objectivo das próximas batalhas eleitorais “travar a oposição” e “manter a bipolarização” na região, Jardim implorou que “Deus nos livre que alguma autarquia caia nas mãos de um desses partidos loucos e incompetentes que existem na madeira”. E, numa referência implícita aos apoiantes do seu adversário nas eleições internas para a liderança do PSD, Miguel Albuquerque, pediu também um 2013 “calmo e sossegado, sem uns indivíduos a criar problemas e a tentar rebentar o partido por dentro para fazer o jogo da oposição”.
Albuquerque, um dos oradores por ser o presidente do município onde se realiza a festa, apelou a que o partido valorize as suas bases e a sua matriz. “Somos um partido social-democrata, não somos um partido liberal”. Fazendo votos para que “o PSD continue a governar a Madeira”, aconselhou a que, face às actuais dificuldades e “para continuar a ser grande, o partido tem de ouvir as pessoas e a sociedade”. "O PSD não é um aparelho do governo, é um partido ao serviço do povo", frisou o dirigente social-democrata presentemente crítico de Jardim.
Antes do autarca funchalense usou da palavra Jaime Ramos, líder parlamentar e secretário-geral do PSD madeirense para frisar que “a Madeira não tem buraco”. Na região “há divida, mas há obra”, ao contrário do país onde “só há submarinos e Pandur onde gastaram o dinheiro”, disse numa clara indirecta ao ministro Paulo Portas, líder do CDS. Acusou este partido da coligação de “boicotar a Zona Franca” madeirense, concluindo que “tem dias faces, uma na Madeira a favor da autonomia e outra em Lisboa contra”. “São como Judas” e “o PS como Pilatos” que “lava as mãos do tempo em que roubou a Madeira”
Antes, no périplo pelas barracas de comes-e-bebes, Jardim também tinha criticado a coligação governamental PSD/CDS-PP, em que “há qualquer coisa que não bate certo”. Condenou a “hipocrisia” do partido de Paulo Portas e defendeu a necessidade de intervenção do Presidente da República, caso a situação se agrave.
“A coligação é muito engraçada. Até agora, têm sido as personalidades do PSD a dar as notícias mais desagradáveis, enquanto os ministros do CDS apresentam sempre umas ideias fantásticas que depois vê-se que não têm qualquer desenvolvimento”, disse. “Enquanto o primeiro-ministro tinha que anunciar coisas mais desagradáveis, nós tínhamos o ministro Portas no Brasil a anunciar vantagens que o Brasil dava aos produtos portugueses, só que se esqueceu de dizer é quais eram as contrapartidas portuguesas que foram dadas ao Brasil”, exemplificou, concluindo: “Eu não votei em coligação com ninguém, o problema não é meu”.