Expliquem-me como se eu fosse muito burro.

Antes de tudo o mais, que fique claro que não percebo nada de navios, barcos, ou canoas. Sou daqueles que não põe um pé fora do calhau sem dois comprimidos de 50mg de Vomidrine, por isso o Ferry para mim é, tanto se me dá, como se me deu. 

Como eu, deve existir muitos, que só percebem o que de pouco aparece nas notícias, e que por isso formam opiniões convictas a partir do que se diz e do que se escreve sobre os assuntos da moda, e o assunto do momento é o Ferry.

E segundo me deram a entender as ultimas noticias, e quer se goste ou não, o Governo Regional cumpriu uma promessa eleitoral. O Governo prometeu um Ferry, e aí está o Ferry! E reparem, que nem que fosse uma viagenzita por ano, tinha cumprido. Mas foi muito melhor, são 12, como os apóstolos.

Senão vejamos. Há uns anos atrás, o ‘Volcan de Tijarafe’ partia de Canárias com uma dúzia Guanches a bordo, fazia um pequeno desvio pelas terras de Gonçalves Zarco, apanhava meia dúzia de indígenas a meio caminho, rumava a Portimão despejava os indígenas, seguia para Cádis, despejava a dúzia de Guanches, e depois vice-versa uma vez por semana.

No regresso, além de mais alguns índios da Península Ibérica e outros da Europa, o ‘Volcan de Tijarafe’ trazia frescos que alimentavam as prateleiras dos nossos supermercados mais rapidamente, e a preços muito mais competitivos, por não terem de passar na teia dos portos.  E segundo consta, o melhor de tudo é que esta solução ainda deixava nos cofres da Região um milhão de euros por ano.

Mas o sonho tornou-se rapidamente um pesadelo, e pelo que se sabe, o Armador espanhol tentou, em vão, negociar as taxas para que a operação fosse viável, mas levou com a porta na cara. Boa Conceição!

Agora, e finalmente, temos um Ferry só nosso e sem a dúzia de desprezíveis Guanches para repartir os custos e o chulé. E é com muito orgulho que os nossos impostos vão pagar 3 milhões por ano a um Grupo que até investiu, forte e feio, em 2200m2 de câmaras frigoríficas para preservar os frescos e que agora até vai ser obrigado a fazer concorrência a si próprio com transportes de frescos em 24 horas.

E com isto, não é preciso ser muito esperto para adivinhar que o negócio, depois das eleições de 2019, vai dar no porco porque simplesmente não interessa a ambas as partes, isto é, nem ao Governo, nem ao Armador.

E enquanto o Ferry navega não navega, e com a oposição a dormir, vamos então esperar pela Parceria Publico Privada do Novo Hospital - que já se advinha com quem - e que será outra promessa cumprida do Governo de Albuquerque.

O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.
Platão