Desde que Rui Gonçalves saiu do Governo passamos de um exagero a outro, do unha de fome com os hospitais sem Saúde ao despesismo com os hospitais sem Saúde.
Penso que é claro para todos um certo ar de fim de ciclo que está a promover um ambiente de salve-se quem puder, enquanto é tempo. Os leitores que comecem a ler o JORAM e perceberão a catadupa de perversões das regras e o contornar da legislação para acolher Renovadinhos sem vínculo à Função Pública. Estamos a acolher inúteis e a gastar dinheiro.
Este não é o único problema. Estamos a adjudicar e a concessionar a amigos em negócios ruinosos que, cada vez mais, destroem a capacidade de gerir a bem as finanças públicas. É pensar no monopólio dos portos e replicar noutras situações e terá a ideia do que quero transmitir. Está-se a garantir rendas fixas a empresas do regime como condição mínima para subsistirem, caso o PSD Madeira seja desalojado do poder. Isto é grave porque a Governação não trata do povo a vários níveis para cuidar de negócios privados. Desvia o dinheiro da atenção ao povo para negócios privados, isso sucedeu com a entrada do Calado no Governo a rapar os orçamentos das secretarias para garantir um fundo para obras. Entre outros, os professores que tirem o cavalhinho da chuva, mentiram e entalaram-se, o que lhes era destinado vai para obras.
O problema avoluma-se ainda mais porque o GR está a promover obras sem dinheiro, está a repetir a fórmula do desastre que nos faliu e nos meteu na dupla austeridade. Com certeza os leitores já se aperceberam que de repente apareceu dinheiro, e os milhões vão somando. Desengane-se se pensa que é uma gestão exímia, até porque o mesmo que armadilhou a CMF é agora Vice-Presidente do Governo.
Ao fim de algum tempo percebeu-se porque Costa "ofendeu" a Madeira afirmando categoricamente sobre a desordem das contas da Madeira. Foi um pouco à Ronaldo a dizer que ia sair do Real Madrid de forma extemporânea num momento de conquista e festejo. O que estou a dizer é que este momento é de sucesso, de contas em ordem no papel, tal como no passado na CMF ou nos sucessivos Governos de Jardim a somar dívida mas, Costa já sabe que vem aí mais um problema e a sua relutância com os juros é porque quer meter responsabilidade. Na prática, o que o GR está a fazer é, não conseguindo empréstimos de banco algum, folgar pontas para gerar liquidez para pelo menos pagar ao betão a sua festa eleitoral.
Costa de facto tem pretensões políticas para retirar o poder ao PSD-M mas confronta-se com um problema maior, o de não conseguir colocar um Governo PS a brilhar na Madeira, uma região com uma dívida descomunal, que pouco ou nada pagou, mas que por aflição eleitoral está a construir outra novamente escondida. Ao ritmo que se inventam milhões, a factura vem a caminho, com um default reincidente o poder político estará atado e a União Europeia pela irresponsabilidade reincidente actuará.
Findo com o seguinte raciocínio, o poder e o dinheiro do erário público é muito mais importante para o PSD-M do que o povo desta terra. Fala em seu favor mas só vive à custa dele e prega-lhe a factura. Isto não é política a favor do Cafôfo, é a realidade, vote em quem desejar mas consciente disto que lhe conto e, lembre-se, que agora está mais fácil de acreditar porque isto já nos aconteceu. Olhe para os indicadores à sua volta.
Nos perigos grandes, o temor é muitas vezes maior que o perigo."
Luís Vaz de Camões