Resultado do Estudo de Opinião do Diário de Notícias do Funchal na sua edição de hoje, Sexta-feira 27-07-2018 |
A
Alguma folia depois, os eleitores dizem que chega de circo e apresentem propostas. É o que parece querer dizer o Estudo de Opinião publicado hoje pelo Diário de Notícias onde, para além do empate entre PSD e PS, em percentagens muito abaixo das expectativas, mostra também que a pulverização do voto é uma realidade devido à insatisfação generalizada com todos os partidos.
O poder só é possível com um acordo a 3 partidos, o que também é sinal de que se acabaram as maiorias absolutas e vão também acabar os abusos de poder por escrutínio apertado. O povo quer fiscalização e que trabalhem para ele. Acabou-se o vir buscar o voto ao povo e governar para os lobbies. A pulverização é sintoma de inteligência democrática para fazer face àqueles que julgam poder contornar o que a democracia indica com acordos pós eleitorais.
Mas atenção, todo este raciocínio parte do pressuposto que os dois partidos mais representativos não se unam num bloco central. Aqui funcionará definitivamente o lobismo que se serve do orçamento regional. Nada como esse primordial interesse para mandar engolir zoológicos, humores e egos nas partes mais votadas. A ver vamos. Certo é que os partidos pequenos têm aqui um filão por explorar.
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Se compararmos o Estudo de Opinião de hoje com os resultados eleitorais das Regionais de 2015, observamos que o PSD-M tem um mergulho eleitoral com a perca de 5 a 6 deputados; o PS, só, seria catapultado com mais 12 a 13 deputados do que na sua coligação de 2015; o CDS perderia quase metade da sua bancada parlamentar, com menos 3 a 4 deputados; a JPP, sensação da noite eleitoral de 2015, perderia desta feita 2 deputados, ficando com 3; o PCP e o BE manteriam os seus dois deputados, o que revela uma manutenção segura no PCP mas que faz notar a falta de efeito com a mudança de liderança no Bloco de Esquerda. O único deputado do PND desapareceria com a extinção do partido na Madeira, enquanto José Manuel Coelho, ou melhor, o PTP, sem a coligação de 2015 mostra-se incapaz de entrar no parlamento. Curioso que a pulverização dos votos não significa mais partidos na Assembleia Legislativa Regional, antes pelo contrário, 4 deles perderiam assento relativamente a 2015.
Outras observações contidas no trabalho do Diário de Notícias da autoria do seu director Ricardo Oliveira:
Nem tudo é negativo para o PSD-M, apesar de incomparável, há algumas ilações a retirar sobre o que foram as recentes Autárquicas e a bipolarização Cafôfo - Rubina. Parece que Miguel Albuquerque sustém ou convence mais os simpatizantes/ militantes do partido desavindos para as Regionais do que Rubina para as Autárquicas no Funchal. Os valores da perfomance de Cafôfo para as Eleições Regionais estão aquém do seu resultado no Funchal. Pode ser um trunfo a ser trabalhado por Albuquerque onde existe mais de metade dos eleitores
A sondagem mostra que a estratégia de silêncio de Cafôfo não está a resultar para as Regionais, que não segurou o eleitorado social democrata como nas Autárquicas, que cometeu erros na sua estratégia e nas suas escolhas recentes. Ao vermos a pulverização dos votos sabemos que o eleitorado está avesso aos lobbies que exercem ascendência sobre o poder político, situação que Cafôfo, apesar de arrancar com a "folha limpa", teve um episódio nefasto. Cafôfo precisa de uma travagem a fundo.
A democracia está a funcionar meus senhores e o povo não é nada tonto, isso também está implícito no Estudo de Opinião. É hora de acabar silêncios e mentiras.
Porque, enfim, tudo passa; Não sabe o Tempo ter firmeza em nada; E a nossa vida escassa foge tão apressada. Que quando se começa é acabada.
Luís Vaz de Camões/ Ode