Em Chicago, no tempo de Al
Capone, um polícia chamado Elliot Ness criou uma famosa equipa de agentes
incorruptiveis que levou à condenação e prisão de muitos mafiosos.
Embora pareça nada ter a ver com Chicago,
sempre tivemos uma profunda admiração pelo grupo constituído por, António
Fontes, Baltasar Aguiar, Eduardo Welsh, e Gil Canha, a quem apelidávamos de
Intocáveis.
Até uma certa altura, o PND fazia
política credível, expondo e denunciado as políticas e as fragilidades do
regime de Alberto João. A luta dos Intocáveis do PND era meritória e fazia
lembrar os anos loucos da revolução de 1974. Ao grupo inicial juntou-se depois José Manuel Coelho, outro
inconformado, que trouxe a perfeita loucura à luta politica na Madeira. Era lindo ver Marx e Nietzsche juntos a combater Josef Stalin.
O grupo, em muitas ocasiões, era
genial e utilizava a inteligência e o sentido de oportunidade recorrendo a meios muito
pouco ortodoxos para expor as falcatruas do regime. Como prémio pela perseverança o PND consegue eleger um deputado.
Memorável foi a ocupação do
Jornal da Madeira a 28 de setembro de 2011 pois não lembrava ao diabo que
alguém em pleno século 21 invadisse um jornal como forma de protesto pela débil
democracia da Madeira.
Mais memorável foi António Fontes
cantar Grândola Vila Morena, com uma voz que apanhou muita gente de surpresa.
E ainda melhor foi o desfraldar da
bandeira da FLAMA que provocou a ira da esquerda no parlamento regional.
E como fim apoteótico anunciado, e com
muita pena nossa, o PND passa à clandestinidade revolucionária
em Julho de 2014, e meses depois, já em 2015, o Partido da Nova Democracia é
oficialmente extinto.
Sem dúvida que os Intocáveis contribuíram
para o fim do regime e o afastamento de Alberto João e isso ninguém lhes tira. Mas com o desaparecimento do Alberto
João da vida politica os ânimos dos Intocáveis arrefeceram e pura e
simplesmente desapareceram do mapa politico.
Exceção para António Fontes que continuou
a escrever o seu TRIM-TRIM mas, por razões que nem a razão conhece, descambou
para a ofensa pessoal e pejorativa. Infelizmente perdeu todo o capital que tinha
com o apoio incondicional ao seu amigo de infância Miguel Albuquerque.
O outro intocável, Gil Canha continua ativo e candidatou-se pela Mudança
com Cafôfo mas meses depois bateu com a porta. Por explicar ficou muita coisa e a
partir daí foi o descalabro político do Gil. Sem ninguém perceber muito bem
porquê, o Gil envereda por uma luta pessoal contra Cafôfo mostrando um ódio de
estimação que nunca tinha mostrado por Alberto João. As razões até podem ser
fortes e reais, mas o modo de combate escolhido só deu votos a Cafôfo e nas últimas
Autárquicas Gil sofreu uma impensável derrota pois o seu arqui-inimigo ganhou com maioria absoluta.
E voltando a 1940, aos Intocáveis
de Chicago, conta a história que Elliot Ness perdeu toda a sua
credibilidade de homem íntegro e intocável quando abandonou o local dum
acidente de viação que tinha provocado. Um erro imperdoável que ditou o fim dos
intocáveis.