Calotes e dívida são imagens de marca do PSD-M

Foto de Gregório Cunha encontrada no Google


É fascinante a capacidade que o PSD Madeira tem de tornar o Correio da Madeira “tendencioso”, e começo a ficar preocupado porque qualquer dia ou não temos pés ou não temos melros com tantos tiros.

Quando Miguel Albuquerque era presidente da CMF e num período em que Alberto João Jardim estava possessivo, exagerado, farto, ditador e esgotado, o homem das rosas ganhou destaque justamente por causa das agressões de Jardim, consubstanciadas por meras palavras ácidas até a acções de hostilização efectiva contra a gestão CMF. Jardim, para além de asfixiar seu opositor interno no PSD-M, passava áreas ou espaços da gestão camarária para as tutelas do seu governo com a justificação de que era para agilizar processos de obras mas que na prática deixavam a CMF sem palavra nem palco para actuar. Tiques de ditador. Albuquerque, sem outro remédio fez dívida e usou-a para gerar contentamentos, para adicionar alguma obra mas sobretudo popularidade, nas mesmas perspectivas que hoje são mais salientes na Quinta Vigia. Folclore sem avanços na qualidade de vida dos munícipes de então.

Foto de Gregório Cunha encontrada no Google
Naquela altura e como sempre foi, Albuquerque era o one-man-show, Pedro Calado escondia-lhe os papéis e as decisões para o Presidente praticamente rainha de Inglaterra não fazer o que designamos de “merda” em português de todos os acordos ortográficos. Mas a chafurdice não ficava por aqui. Rui Abreu tinha as suas contas pessoais completamente descontroladas o que politicamente era péssimo, era um coleccionador de dúvidas pessoais, alguém que se achando importante não ligava a essas trivialidades de pagar a quem se deve. Que o seu condomínio explique, entre outros mais, denunciados nos comentários a notícias do Diário de Notícias sempre que este senhor aparece com a sua petrificada auréola. Rui Abreu, o mesmo de ontem com seu grito do Ipiranga de teatro barato, teve a ajuda do seu amigo Pedro Calado para, por artes mágicas, resolver alguns imbróglios quando este já mascarava dívida na câmara para mandar a bola para a frente. Há políticos assim, conta o seu mandato irresponsável e atiram o lixo para quem vier a seguir. Na mesma gestão, a moralista Rubina Leal, com suas muchachas e muchachos, organizavam as “festas” do presidente até que numa delas pegou de galho aquele roseiral que é a primeira-dama, no máximo é um porta enxertos que merecia uma espécie mais delicada. Todos os funcionários da CMF sabem disto e é também de domínio público as dívidas do presidente do Governo Regional, que ora devem estar pagas pelo seu "excelente" desempenho em favor dos lóbis regionais. Que cinismo ontem.

Os tempos foram evoluindo, é interessante usar a hemeroteca do Diário de Notícias para verificar a enorme quantidade de notícias para show-off do one-man-show. “Coisas” que marcaram o ponto para se dizer que se fez algo e estar na comunicação social. Ora, neste momento, agora no Governo Regional, nota-se a aflição pela dose massiva de tretas, são as festinhas na Quinta Vigia para cair em graça e passar a sua mensagem; são as ordens de requentamento de acções com 2 e 3 anos, reavivar intenções esquecidas, fazer a leitura oficial de maus resultados (como a do vice a convidar os emigrantes para voltarem a trabalhar na região com a pior taxa de desemprego LER), as perspectivas de melhoria da economia quando sabemos que ela é dos mesmos de sempre que nunca desmontam da cópula no povo.

Cafôfo e a sua equipa não é inocente mas tem doses consideráveis de inexperiência perante lobos, incrivelmente, é o que lhe concebe a atitude de fazer, no essencial, o certo. Uma delas é a ordem e o rigor das contas da CMF através do seu vice Miguel Silva Gouveia que, na maior parte das pessoas é visto como um “gajo porreiro e competente”. Quando olhamos para o outro lado, o que agora ataca desesperadamente, vemos uma pandilha de cínicos demagogos, armados do neo-chico-espertismo que soma aos vícios antigos que disfarçam os rabos de palha enquadrados numa peça de teatro que branqueia. A que assistimos ontem foi tão só um acto.

Chegamos a esta data e Albuquerque está na cadeira de Jardim e tem uma acção política igual à deste apesar de ter sofrido na pele. Como se esquece depressa. Será esquecimento, aprendizagem ou instruções enquanto marioneta de Jardim? Ontem não somaram um trunfo, conseguiram tão só aumentar o enfurecimento do povo contra o PSD-M. Quando a máfia no bom sentido manda massivamente no Governo Regional, Autarquias e Empresas Públicas, para além do tráfego de influências, estas deixam de funcionar e passam a fazer política, deixam, por exemplo de pagar e a facilitar "obscenidades" como forma de criar liquidez e somar mais aderentes à máfia no bom sentido que assegura votos. Assim se chega também, no profuso mix da máfia no bom sentido à falência do PSD-M, da sua fundação, da RAM ... e consequentemente de empresas e particulares arrastados. O showzinho de ontem foi miserável e o povo, numa boa maioria percebeu, aliás todos perceberam, só a Renovação teatraliza.




Citação de Eça de Queirós:

"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. 
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. 
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. 
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade."