Eu vou Votar no ...


A Madeira é pequena, e por isso não foi estranho encontrar um velho colega do Liceu Jaime Moniz nas casas de banho do Hole in One, bem a propósito da música de fundo dos anos oitenta que se ouvia.

De início ficamos na dúvida se éramos mesmo os mesmos loucos do liceu de há 30 anos atrás, mas tiradas as dúvidas, iniciamos uma longa conversa. Cada um contou um pouco da sua vida, do casamento, dos filhos, que no caso dele, já ia no 3º divórcio e cinco filhos.

Depois de relembrarmos as loucuras da juventude, ele fez a tal pergunta expectável.

- E tu? Continuas a ser da Flama?

Sorri. Sabia, que os erros da juventude acompanham-nos sempre para o resto da vida, mas respondi logo que não, e acrescentei que a politica já não me dizia nada.

A meio de duas cervejas, e quase sem querer, a conversa foi bater outra vez à política, e consequentemente ao Paulo Cafôfo, que ele considerava uma alternativa ao poder instalado, nem que fosse para mudar as caras.

Votar Nulo conta?
E foi então que a conversa centrou-se em quem iria ganhar as próximas eleições em 2019, e no facto de eu considerar Paulo Cafôfo, mais do mesmo. E por isso acrescentei, que pelo que já me deu a observar, Cafofo tem os mesmos objetivos, os mesmos lóbis, e o resultado seria mais ou menos aquela história dos porcos e do chiqueiro.

- E votar no CDS? - Perguntou ele curioso.

- O CDS é uma bengala e vai-se unir ao partido que ganhar sem maioria, seja ele o PSD ou PS, portanto votar no CDS será o mesmo que votar num desses partidos.

- Não me digas que vais votar no louco do Coelho? (riu-se)

- O Coelho já teve o seu tempo de glória e muito dificilmente volta a ser eleito, as pessoas fartaram-se das palhaçadas que não levam a lugar nenhum.

- Já percebi, vais votar no Bloco de Esquerda ou no PCP – disse ele a rir, enquanto emborcava o resto da Imperial.

Olhei para ele, sorri, e respondi que, até que me consigam convencer em alguém credível, se tiver a chover fico na cama, se tiver sol, vou lá fazer um “caralhinho” no boletim de voto…

Ele riu-se, levantou o copo, e brindou: – Continuas louco!…. À nossa!
O voto só é perfeitamente democrático se for livre e racional, o que supõe uma igualdade tendencial da informação e do poder económico e social dos eleitores e dos elegíveis.
Francisco Sá Carneiro