Surpreendidos pelo socorro?


Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 20 de Abril de 2019 14:32
Texto e título enviados pelo autor. Ilustrações CM

Depois desta desgraça do autocarro muito já se falou e não quero ser mais um a dizer a mesma coisa. Mas quero falar de algo que até posso ser mal interpretado mas que me anda a moer desde quarta feira.

Como antigo operacional dos bombeiros, muito me agradou ver a resposta que os meus colegas com todo o seu profissionalismo e sangue frio fruto da sua formação, tiveram neste acontecimento marcante. Toda a gente fez o que devia desde a proteção civil regional até aos agente da PSP que geriram os curiosos no local do acidente, passando claro pelos meios de socorro.

Este foi o melhor "simulacro" que os serviços de emergência poderiam ter (até porque nunca acreditei nos simulacros de hora marcada e com toda a gente pronta para sair com as estradas vazias de trânsito) e que provaram que temos excelente profissionais no socorro.

Os elogios constantes à resposta dada passaram a certo momento a ser quase uma expressão de alivio por parte da população por algo funcionar quando devia na Madeira. Ainda sem os holofotes internacionais sobre o acidente (que sabemos que automaticamente activa nos nossos políticos e responsáveis o seu modo mais profissional - algo que deveria estar SEMPRE ACTIVO), os Madeirenses sentiram que este não podia ser mais evento onde os boys colocados em lugares de decisão sem competência viriam a atrapalhar e arruinar um bom trabalho como tantas vezes aconteceu no passado.

A partir do momento em que a opinião pública internacional virou-se para a Madeira, então é que entrou em pleno funcionamento a competência que muitos Madeirenses não acreditavam que ainda existisse depois dos últimos casos de denuncia no Serviço Regional de Saúde.

Há várias coisas para evoluir que ficaram claras neste evento e talvez a mais gritante seja a comunicação.

Nos incêndios que assolaram Portugal Continental no ano passado tivemos um exemplo de como uma péssima comunicação se resolveu com uma pessoa competente nas relações públicas quando Patrícia Gaspar assumiu a função de porta-voz da Proteção Civil e a informação passou a ser clara, objectiva e matou os boatos de uma vez.

Precisamos de uma "Patrícia Gaspar" na proteção civil regional. No que toca ao Governo Regional, tivemos a "sorte" de estar de serviço o vice-presidente que apesar de todos os defeitos tem uma forma objectiva e clara de falar e explicar, assim como o Secretário da Saúde que tem o seu forte precisamente na área médica e "sabe falar" quando o assunto se vira para o campo médico e metodologias de socorro.

Uma palavra para os ausentes: toda a gente notou e pouco aceitaram essa ausência. Assumir cargos públicos é aceitar que a vida pessoal passou para segundo plano. Apesar de toda a gente saber que não ia fazer nada que não tenha sido feito pelo vice-presidente, é a simples presença que por vezes conta mais, e foi isso que o senhor presidente do governo regional não percebeu.