Muito se tem escrito nas últimas semanas no Correio da Madeira sobre os empregos encomendados da Função Publica. Não que seja um assunto novo na Madeira mas ultimamente está a tomar dimensões que roça o asqueroso.
Para quem não sabe, o procedimento para a cunha começa por se alterar a unidade orgânica mudando-lhe, por exemplo, apenas o nome. Depois, e como quem não quer a coisa, nomeia-se em regime de substituição por um ano uma figurinha com qualquer licenciatura. O verdadeiro objetivo é depois dali, a menos de um ano, publicar a abertura do concurso e exigir que, além da tal mesma licenciatura adequada, o candidato tenha experiência anterior no cargo.
Ainda não passou um ano, mas como era preciso garantir rapidamente a cunha, no dia 21 de fevereiro de 2020 foi publicado no JORAM o Aviso nº89/2020 para o preenchimento de um lugar de cargo de direção intermédia de 1.º grau, de Diretor de Serviços de Inspeção, da ARAE-Autoridade Regional das Atividades Económicas, isto é, um cargo dirigente para a polícia que fiscaliza a legalidade das atividades das empresas. Ou seja, um bom exemplo!
A surpresa não é o anúncio mas sim a licenciatura que se exige no referido aviso e que se considera adequada. Como se considera que “Ciências da Cultura” é a licenciatura adequada fomos investigar os conteúdos programáticos e respetivas habilitações.
Sem surpresas verificamos que o curso de “Ciências da Cultura” habilita os licenciados para:
- Produção, gestão cultural e assessoria em projetos ou instituições, públicos e privados, de relevância cultural;
- Produção e difusão de eventos culturais;
- Gestão de bens e serviços culturais;
- Discussão, promoção e aplicação de políticas culturais consistentes e inovadoras;
- Criação e investigação cultural;
- Turismo cultural;
- Crítica de arte e jornalismo cultural.
E como é público, e como Santos da casa não fazem milagres, verificamos que sem surpresas o candidato nomeado é filho de um ilustre PSD, que imagine-se até tem um pezinho no CDS, e que provavelmente será o candidato único ao cargo oferecido.
Para terminar, e para o senhor Secretário Regional da Economia, que quando era oposição defendia a moralidade e a ética na política, uma palavra de conforto: Vá pentear macacos!