O Caminho Real 23 tem estado na ordem do dia porque alguém betonou em vez de recuperar e outros dizem que não havia calçada. Ora, vamos puxar o filme atrás, coisa que a Renovação não gosta porque o Big Bang deu-se em 2015 e só evoluímos graças a este grupelho do achamento. Antes da obra em questão, precederam-se 30 e tal anos de feroz betonização de tudo, evitem de se fazer de anjinho que a Renovação é descendência das elites do betão e até tem um Vice Presidente, depois de despachar o Encarregado de Obras, tido por segundo, para a Assembleia. Este PSD é dos Renovadinhos que forraram o basalto das ribeiras do Funchal. O instinto e irresponsabilidade é a mesma.
Passemos depois do prefácio mais à frente mas ainda no passado. Aquela coisa, agora cinzenta, não se chamava "Calçada da Caldeira" por ter sido um acesso em terra ou cimento. Ela existia, era calçada em pedra igual à que se vê no resto do caminho e foi destruída por quem ali circulou com maquinaria. O que sucedeu é que a febre betoneira meteu camiões a circular para outras obras e destruíram a calçada original, só recuperada com cimento para não afectar os camiões porque para o Caminho Real nº 23 na Calçada da Caldeira estavam-se a borrifar. Assim passamos da existência da calçada para a "tradicional" calçada com remendos rápidos de cimento.
O facto do caminho já se encontrar parcialmente cimentado ou em terra, anterior falta de sensibilidade, não retira a responsabilidade nem iliba de se fazer bem agora. A justificação do cimento de agora é idiota. Romantismos e preservação da história é só de garganta. Esta situação, só reforça e demonstra que não é de agora que não ligam ao património mas desde sempre. A foto precedente e seguinte são junto aos terrenos agrícolas, esta em particular, mostra as escadinhas já cimentadas numa intervenção anterior. É mais fácil, mais rápido e de acordo com os serviços dos fornecedores do costume. Passar de betão para pedra é menos facturação.
Isto são factos e não jogos de palavras ou esquecimentos. Atente-se, esta é das zonas onde a culpa não consegue ser de Lisboa e mais ninguém teve poder. Os responsáveis só têm uma origem. Sem margem para dúvidas, o Caminho Real 23, com uma reabilitação bem feita poderia ter sido exemplar para o resto da ilha e um verdadeiro percurso de romantismo que alguns querem comprar à força. Observem o romantismo da paisagem à chegada à Cruz da Caldeira: