O Voto Útil


Em setembro é a apanha das uvas, e o tempo seco destes últimos meses é um bom indicador de um bom ano de vinho.

Mas setembro é também o mês das eleições regionais e o mês de todas as decisões. Será o mês em que se decide o fim da hegemonia do PSD ou a continuação efémera de um regime que já demonstrou nos últimos quatros anos não ter soluções.

O PSD vai dar tudo por tudo, é impensável  sequer imaginar que se abandone o poder e se deixe cair toda a teia montada de interesses económicos. Foram 40 anos a construir um regime de dívidas que os nossos netos, quer queiram, quer não, vão ter pagar.

E do outro lado o que temos? Uma carrada de Partidos e o Cafôfo.

Mas quem é Paulo Cafôfo? Sabe-se que não é advogado, não é economista e não é engenheiro, mas sim um simples professor de História do secundário. E então pode um professor de História ser Presidente de um Governo Regional? Será que tem capacidade para tanto? Esta coisa de governar não é dar aulas!

Conta-nos a história que o único engenheiro presidente do Governo foi um senhor chamado Ornelas Camacho, e esteve lá pouco tempo antes de ser escorraçado por um reles advogado que depois ficou lá 30 anos. Se pensarmos bem, no governo, e até à data tivemos pessoas, cujo único dom é capacidade de utilizar a dialética para convencer as massas. Infelizmente, nenhum deles mostrou ter competências próprias para o que quer que seja.

Ou seja, a Cafôfo falta apenas uma equipa, pois o sorriso não chega. Cafôfo precisa urgentemente de um equipa de ilustres desconhecidos sem rabos-de-palha, o que não é fácil de encontrar numa terra pequena. Os quadros que existem, ou estão conotados com os grupos económicos, logo suspeitos, ou não são assumidamente políticos, e como tal não querem correr riscos. Cabe a Cafôfo, libertar-se dos traumas do PS e mostrar que ele próprio é mais que um simples partido de caciques.

Se as opções já são más para Cafôfo, a certeza de que votar CDS é o mesmo do que votar PSD numa maioria cozinhada, assombra o seu futuro político. Na verdade Cafôfo corre o risco de perder uma oportunidade histórica e voltar para as aulas.

Longe desta guerra de poder estão os pequenos partidos, como o “Nós Cidadãos”, a “Iniciativa Liberal”, e o “Bloco de Esquerda” que até merecem a nossa simpatia, mas que não nos garante a derrota do PSD. Julgo que cabe a todos esses pequenos partidos demonstrar que o seu papel pode ser decisivo na derrota, ou vitória, do PSD e isso não vai ser fácil!

Em setembro advinha-se o voto  útil, ou no PSD, ou em Cafôfo. Mas lá diz o povo anónimo que até ao lavar dos cestos é vindima.

“Os vinhos são como os homens: com o tempo os maus azedam e os bons apuram.”

Cícero