Domingo, 19 de Agosto de 2018 08:37
Texto e título enviados pelo autor. Ilustração colocada pelo CM.
“A resolução do parlamento madeirense que insta a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) a converter em “recomendações” os actuais limites obrigatórios de vento nas operações aéreas no Aeroporto da Madeira foi hoje publicada em Diário da República.”
Os pilotos são fortemente pressionados para cumprir horários e aterrar aviões. Os pilotos também têm família e obrigações financeiras. Sugiro ao leitor, que se conhece alguém que trabalhe no aeroporto que confirme esta afirmação.
Se esta medida for para a frente, muitos pilotos aterrarão de qualquer forma. Consta que o acidente em 1977 na ilha da Madeira deveu-se a que o piloto fez mais uma tentativa de aterragem do que as duas permitidas.
Dou um exemplo. Se os limites de velocidade nas estradas passarem a ser recomendações, qual será a velocidade dos veículos?
Se a lei passar a ser uma mera recomendação, será que o Estado cumprirá as suas próprias leis?
Estimado leitor, se as técnicas que exerce no seu trabalho passarem a ser meras recomendações, o que sucederá à qualidade do seu trabalho? O que é que o seu chefe/patrão exigirá de si? O cliente será beneficiado ou prejudicado com uma alteração desse âmbito?
Se cair algum avião, e foram criadas condições para aumentar a probabilidade desse evento, tal será um rude golpe no Turismo… e com efeitos durante décadas. Mas já sabemos que a culpa será atribuída ao vento, da companhia da aviação, do pilotos, etc… tal como a queda da árvore no Monte.
Tantos milhões de euros (ampliação da pista) e esforço para tentar fazer crer que o aeroporto da Madeira é seguro, e um bando de políticos com um papel dá cabo disso tudo.
“O documento, que visa que os atuais limites de vento deixem de constar como obrigatórios na Publicação de Informações Aeronáuticas, insta ainda a ANAC a “decidir, no prazo de um ano, sobre a revisão dos limites de vento para as operações aéreas no Aeroporto da Madeira - Cristiano Ronaldo.”
Quanto ao estudo a executar. Não sei se o leitor se lembra, mas há uns anos verificou-se que na parte ampliada da pista, quando o vento tem uma certa direcção e intensidade, existe instabilidade nos aviões (na aterragem). Consta que foi feito um estudo que basicamente foi a deslocação de um piloto de aviação ao local, e este técnico indicou uma velocidade do vento nesse mesmo dia e local, estabeleceu a velocidade máxima do vento em que devia ser permitida a aterragem de aviões. Com isto quero dizer, há estudos e estudos…
Saliento que a aerodinâmica dos aviões não mudou assim tanto nos últimos 50 anos…
“A política é constituída por homens sem ideais e sem grandeza.” Albert Camus