Agora que vamos abordar o assunto talvez se recorde ou talvez já tenha pensado. Durante esta última semana temos ouvido falar em sucessivos casos de passageiros que adoecem ou agudizam o seu estado de saúde a bordo de aviões levando, inclusive, a algumas situações de quarentena nas aeronaves.
Para que a situação ocorra, a quarentena, o mais certo é que seja grave porque as companhias aéreas tudo fazem para não assumir essa situação, é que lhes imobiliza o avião ou aviões criando um pandemónio de "contágio" de voos atrasados ou cancelados, tanto mais graves quanto a dimensão da frota ou soluções/ parcerias da companhia. Isto implica custos e só com os aviões no ar é que as companhias facturam.
Com um exercício de memória muitos dos leitores já tiveram observações de que estava frio dentro do avião, há já algum tempo, isto porque entretanto a temperatura tem vindo a aumentar graças às queixas dos passageiros. As justificações mais "estilosas" dizem que é para manter as assistentes e comissários de bordo sem suar mas prefiro ficar com 3 razões em concreto, por higiene, conforto e garantia mínima de não haver passageiros sem sentidos. Isto daria pano para mangas, ficaremos pela higiene.
Tudo tem um revés e um porquê, uma temperatura mais baixa garante um ambiente pouco propício à multiplicação de bactérias ou vírus a bordo. Ora se o avião é o mais internacional dos transportes, de forma rápida, em poucas horas, um vírus do outro lado do planeta estará deste por mais eficiente que a aeronave seja em "queimá-los". As pessoas não passam por filtros. Mas também sabemos que os tempos de rotação das aeronaves é o mínimo possível, nalguns casos só permite uma limpeza superficial, o que já muitos de nós comprovamos nos sítios mais recônditos das nossas cadeiras conforme a idade do aviões ou a qualidade da limpeza. Comida perdida algures cria fungos.
Penso que já tirou as suas ilações, temperaturas mais elevadas, promovem uma mais rápida multiplicação de uma série de "bicharocos" num tubo fechado com asas.
Prefira um casaco, peça um café ou um chá mas tolere uma temperatura mais baixa, por mais que lhe custe. Repare que a bebida quente reconforta e trata-lhe da humidade corporal, outro pormenor. Uma intervenção médica ou quarentena estragará qualquer plano na sua viagem.
Há razões objectivas e subjectivas sobre como manter a cabine agradável. Objectivamente a Airbus diz que "o calor transmitido pelos passageiros numa cabine totalmente ocupada é considerável". Implica injectar ar frio para combater já que, desde os assentos individuais, o ar expelido pelos minúsculos bocais de ar condicionado são residuais. A Sociedade Americana de Testes e Materiais, descobriu que mais pessoas tendem a desmaiar numa cabine aquecida devido à hipóxia, algo mais frequente do que se pensa em passageiros de avião por falta de oxigénio nos tecidos do corpo.
Há as razões subjectivas, a percepção de conforto térmico da tripulação a trabalhar comparativamente aos dos passageiros sentados. Os primeiros podem sempre controlar a temperatura por zonas no avião.
Para aqueles que querem mais uma observação, pense nisto. Tudo a contribuir para o calor. Com a feroz concorrência entre companhias aéreas, muitas vezes é na poupança que está a diferença. Quando no chão, o avião depende do seu gerador auxiliar, designado por APU, para fornecer o ar comprimido para a fase de refrigeração que depois debita o ar fresco para dentro da cabine. Sucede que para manter o APU ligado é necessário consumir JET A1, para as companhias é uma despesa dispensável mas também necessária para cumprir com os pactos ou acordos de carbono na atmosfera. A ecologia é neste caso uma poupança para a companhia aérea porque deixa de consumir "querosene" no chão. Assim começa a perceber o porque da já tradicional entrada a "quente" numa aeronave (dependendo da temperatura e do momento do dia). A sorte é os pilotos também passarem pelo calor e anteciparem algumas vezes a activação da APU e a refrigeração. Sorria, imagine quando os aviões não tiverem pilotos. Ahhh, outra coisa, os animais são nossos amigos, quando no porão garantem que o APU e a refrigeração avançam mais cedo.
Gosta de estatísticas? A probabilidade de apanhar uma infecção respiratória de um passageiro infectado é de apenas 3%, a menos que a pessoa esteja sentada a cerca de um metro de si. Isto é giro mas não dizem a que temperatura! O CM é sempre inconveniente!
Gosta de estatísticas? A probabilidade de apanhar uma infecção respiratória de um passageiro infectado é de apenas 3%, a menos que a pessoa esteja sentada a cerca de um metro de si. Isto é giro mas não dizem a que temperatura! O CM é sempre inconveniente!
Quando optei pela classe económica era para que eu economizasse, não eles.”
Danilo Gentili