Para ser empresário na Madeira, como em qualquer parte do mundo, é preciso primeiro ter uma ideia, ter mercado, e investir. E tudo isto não é fácil, e ainda por cima, num mercado limitado à fronteira do mar.
Reconhece-se por isso a coragem de alguns empresários que enfrentam tudo e todos, arriscando tudo o que têm, e o que não têm, criando empregos e riqueza, tudo na convicção que que existe justiça e a igualdade de oportunidades. Mas, sejamos francos, isso existe na Madeira? O empreendedorismo é mesmo livre e justo?
Deixemo-nos de brincadeiras. Os poucos empresários de sucesso que conhecemos estão, de uma forma ou de oura, diretamente ligados aos regimes dos governos, isto é, no fundo, dependem de negócios pagos com os nossos impostos, ou seja, na prática, estes empresários são pagos pelo dinheiro gerado pelos outros pequenos empresários do comércio e serviços, que são uma maioria na Madeira. É assim que o dinheiro circula na Madeira, dos pequenos para os grandes!
Na prática, esses grandes empresários do regime, não correm os riscos que os pequenos empresários correm. Na verdade a maioria desses grandes empresários já têm o negócio garantido antes mesmo sequer de pensar em investir, e, o mais grave, é que muitas vezes esses investimentos são feitos com o dinheiro dos Bancos e com o aval do regime, ou seja, se correr mal, o governo assume os prejuízos.
E então qual é a receita para ser um empresário do regime?
Primeiro. É preciso dar dinheiro a ganhar à máquina da Função Pública. É preciso eventualmente alimentar Secretários, Diretores Regionais, e Diretores de Serviços, sendo mais barato, e muito mais eficaz começar por baixo.
Segundo. Fica sempre bem financiar hobbies e vícios dos corrompidos - ou de familiares mais chegados - como os rallies, os futebóis, as regatas e outras provas desportivas que exorcizem o ego dos decisores políticos.
Terceiro. Entregar parte do negócio aos corrompidos, pois a política é ingrata e não dura sempre, e é sempre bom ter um pezinho de meia para quando se sai da ribalta.
Quarto. Ter um objeto não durável que faça agonizar o negócio ao longo de muitos anos em procedimentos concursais feitos à medida, ou então, o melhor mesmo, é um contratozinho de serviços tipo PPP que garanta o futuro dos netos por muitas décadas, pois mesmo que mude o governo os contratos são para cumprir, porque o Estado é uma pessoa de bem.
Quinto. Ter a Justiça controlada, não vão os invejosos do costume lançar olhado roxo sobre os negócios e estragar os arranjinhos.
Sexto e último. Financiar sempre os partidos da área da governação, não vá o diabo tece-las, e ganhe quem ganhar, ter sempre amigos no regime.
Por fim, e depois de garantir os seis pontos precedentes, só temos de pensar numa ideia para criar o nosso negócio e, acreditem, qualquer coisa serve!
"A corrupção favorece as ideias novas"
Teixeira Pascoaes