7 dias, 7 farpas

- Fui aos arames farpados desta vida com a crescente censura social ao jornalismo praticado neste rochedo, ávido de levadias e da abundante espuma. Se os jornais abordam a falta de medicamentos nas unidades hospitalares, logo a propaganda vadia mete-se nas redes de seringa em riste a denegrir quem incomoda a tranquilidade do senhores doutores. Se as rádios falam do tempo - e de facto há noticiários lengas-lengas que se resumem a boletins meteorológicos - há um sinal de fuga às questões melindrosas. Se televisão abusa de conversas, muitas da treta, quem a dirige muito deve à criatividade. Jornalismo "on demand" é um perigo à espreita. Livrem-se de oferecer a vossa agenda, por muito reles que seja, à multidão alienada que ocupou os teclados martelando-os com os cotovelos.

- O DN tem dias sofríveis, tal é a dependência da autarquia cafofiana. Aquilo são páginas de promoção a gabinetes municipais, escritas por alguém que em nome da ética deveria pedir ao director da casa para ficar circunscrito à área desportiva. São capas comerciais, as mesmas que, em tempos passados, eram conhecidas como "capas falsas"! São trails e trilhos, qual banda sonora para nova campanha eleitoral. A fartura deixa-me intrigado. Se bem se lembram com o governo da falsa renovação também já foi assim e agora é aquilo que se vê.

- O JM selou o dia das petas com uma notícia digna dos apanhados, que aqui reproduzimos, com a devida vénia. Cinco armas iam a fugir e foram detidas, presumindo-se que os legítimos proprietários tenham sido apreendidos. Quando o Farinha ficar com o bom negócio para quem vende, logo, suspeito haver algo escondido no mau negócio para quem compra, quem escrever assim vai parar às obras do King Kong Savoy.

- Contam-me haver um viciado no "bloganço" burguês que recorre a palavreado inatingível para se insinuar como o mais letrado da aldeia global. Espanta-me que alguém tão dotado tenha abandonado o estonteante percurso literário de forma tão prematura. Os primeiros livros oferecidos tiveram tanto êxito. Que lamentável crueldade.

- Estrela Serrano é membro do conselho de opinião da RTP e assumiu que uma equipa da reportagem da casa foi agredida “como seria de esperar”, tipo, puseram-se a jeito, desconhecendo o que está em causa. Isto de trabalhar é um perigo mas, a senhora deveria abster-se de incentivar à violência contra quem faz perguntas. É de esperar que se demita.

- Na falta de recursos disponíveis para comentar a actualidade na televisão acomodada da ilha maior, um ex-jornalista (que é uma espécie de Bimby) transformado em ciclista, de tempo a tempos é recrutado para debitar barbaridades, é perito em achismo. No último decadente "Dossier de Imprensa" achou que salva a pele se for bater ao hospital só por dizer que os seus ex-colegas do DN escolhem alguns secretários regionais como alvos a abater. Miguel Fernandes deve achar que tem percurso imaculado. Em caso de dúvida, contactar o engenheiro Rocha da Silva.

- Os dotes escultóricos dos madeirenses desilude. Nenhum meio de comunicação pegou no assunto a sério. Nem um dotado da escultura nacional foi ouvido sobre o busto que é cara chapada de Ronaldo quando olha para o mesmo. A escassez de meios nas redacções não explica tudo. A urbe precisa de rugas jornalísticas, agora entregues a arrumações e a curas de fígados.

A mulher é o amigo natural do homem. Dois homens raramente se estimam verdadeiramente”.