Rafael Macedo esclarece

Ilustração CM
UMA VEZ QUE TÊM SIDO EMITIDAS VÁRIAS NOTÍCIAS DE CONTEÚDO FALSO E CALUNIOSO A MEU RESPEITO SEM TER O DIREITO DE RESPOSTA OU AO CONTRADITÓRIO ABAIXO ESCLAREÇO:
Em resposta às inveracidades publicadas pelo Grupo Joaquim Chaves Saúde, passo a explanar o seguinte (peço publicação na íntegra):

Ponto 1:
O título da notícia “Quadrantes: radiofármaco para exames de 8 euros custa mais de 500” é por si falaciosa ou pouco explicativa para a opinião pública. Para fazer um estudo de cintigrafia de perfusão do miocárdio, havendo equipamentos públicos parados desde 14 de Abril de 2015 aptos para operar junto com os profissionais altamente habilitados, o que devemos comprar é uma embalagem que tem 5 frascos de SESTAMIBI (produto necessário para fazer exames ao coração) e que custa 500 euros mais IVA (cerca de 600 euros). Desta forma, cada frasco custa 120 euros (600/5=120 euros) - não se pode comprar um frasco de cada vez, temos de comprar os 5; cada frasco dá para fazer 14/15 estudos ao coração. Logo, isto significa que cada doente gastará no mínimo cerca de 8 euros (120euros /15 doses=8 euros) para cada estudo e não 500 euros que dará para fazer no máximo 60 exames.


Ponto 2: na notícia da TVI foi referido que o que foi gasto com o Grupo Joaquim Chaves (radioterapia) foram 22,5 milhões de euros (o que está conhecido). Este valor dará para construir cerca de 3/4 instalações de Santa Rita novinhas em folha com equipamentos de topo, atendendo que temos profissionais da RAM para realizar esses estudos; ou por outro lado, atendendo que a nossa instalação (muito superior à vossa) custa 1.350.000 euros logo, 22,5 milhões dariam para construir 15 Unidades de Medicina Nuclear. Quanto a custo de manutenção anual de 64.000 euros aponto que deva ser bastante exagerado esse valor.

Ponto 3: o SESARAM tinha em 2009 contrato de exclusividade com o Grupo Joaquim Chaves de até 2024 apenas para a radioterapia, não para a Medicina Nuclear. Refiro, ainda, que a nossa instalação pública tem a capacidade para fazer mais exames de diagnóstico e tratamentos que a vossa instalação além, de não possuírem várias capacidades técnicas que a nossa instalação pública possui. Pasme-se, que além de só funcionarem 2 dias por semana (manifestamente insuficiente para as necessidades de uma população de 250000 habitantes) emitiam relatórios vários meses depois da realização do exame; Oito meses é muito tempo para um doente oncológico em tratamento. Isso aconteceu por muitas vezes além de deixarem de realizar estudos para pesquisa do gânglio Sentinela em doentes com cancro da mama porque a sonda do hospital avariou em 2012(?). Isto é, desde 2012(?) até Junho de 2017 (mês em que a instalação pública começou a fazer este estudo, porque o seu início foi forçado por imposição do Organismo AntiFraude da União Europeia e contra a “vontade” do Governo Regional da Madeira através da Secretaria da Saúde), os cirurgiões viram-se obrigados a fazer esvaziamentos axilares completos a centenas de doentes com cancro da mama de forma desnecessária. Perante isto, após receberem milhões de euros de lucro, o Grupo Joaquim Chaves nunca se preocupou em comprar em sonda de pesquisa de gânglio Sentinela que custa 9000 euros.

Mais ainda, um equipamento como o nosso, o SPECT/CT, dá resposta a 100.000 habitantes e para a sua rentabilização deveria estar a realizar, pelo menos, 2800 estudos por ano, não a média de 400 exames por ano como V.Exas. realizam, operando apenas 2 dias por semana. Não esquecer que o SESARAM autorizou apenas a realização de 2 estudos de medicina nuclear (temos licença para 63 tipos de estudo e tratamento); para vós foram sempre contratualizados dezenas de tipos de estudos (30?). Por isso, o meu serviço com apenas 2 tipos de exames autorizados, realizamos 840 estudos de 15 meses sendo que o Grupo Joaquim Chaves, com dezenas de tipos de estudo contratualizados, no mesmo período, realizaram, apenas, 400 estudos? Isso é “delirante”. Mais… na vossa página de apresentação do Grupo estão vários profissionais a assumirem que são médicos especialistas em medicina nuclear e que não o são. No mínimo é grave!


Ponto 4: quando se fala em gastar mais 8 euros (mínimo para cada dose para cada utente) para realizar exames ao coração, fala-se do SESTAMIBI e nunca do MIBG.

Ponto 5: a intenção de fazer uma instalação de radioterapia e que posteriormente o contrato foi assinado com o Grupo Joaquim Chaves (repito: exclusividade apenas para a radioterapia de 2009 até 2024 nos terrenos do futuro hospital da Madeira, em Santa Rita) vem do tempo de Conceição Estudante (Secretária dos Assuntos Sociais em 2006) e de Filomeno Paulo (Presidente do Conselho de Administração do Hospital Central do Funchal em 2006); não de Miguel Ferreira, como afirmam. Miguel Ferreira queria acabar com o sorvedouro de dinheiro do povo que é a Vossa Instalação. Nada disto é pessoal ou político. Isto sugere e/ou evidencia gestão danosa ou prática danosa ao interesse público.

Ponto 6: os senhores operaram à revelia da Lei (sem licença para fazer tratamentos ou exames de diagnóstico) entre 2009-2015, tanto na radioterapia como na Medicina Nuclear. Ninguém controlou os vossos procedimentos nesse período porque perante o País, os Senhores não existiam na Madeira e são eles que licenciam todas as instalações do continente e ilhas. Essa prática de funcionar à revelia da Lei é já hábito do Grupo Joaquim Chaves como já aconteceu, por exemplo, no Centro Oncológico Dra. Natália Chaves.

Ponto 7: ninguém falou de qualquer promiscuidade entre a Vossa instituição e o SESARAM. Apenas foi afirmado que recebem milhões de euros dos cofres públicos de forma incompreensível, lesando o interesse público porque é muito mais barato realizar esses procedimentos numa instalação pública. Repito: 22,5 milhões de euros dão para 4 instalações muito superiores à vossa e dão para construir 15 instalações como a que está no Serviço Público no Hospital, onde trabalho e onde fui o responsável pela monitorização de todo o processo desde o seu projecto e entrada em funcionamento. A Vossa Instalação de Medicina Nuclear deixa muito a desejar comparativamente à nossa, que foi financiada por fundos europeus a 85%.

Ponto 8: para dar resposta à população neste âmbito de medicina nuclear, teríamos de ter pelo menos dois equipamentos (SPET/CT) a funcionarem em pleno atendendo a que um equipamento dá resposta a 100.000 habitantes. Portanto é falso quando referem qualquer redundância de serviços. Mentem novamente. Estes dados estão a que me refiro estão publicados na Entidade Reguladora da Saúde de Portugal em documento próprio.

Ponto 9: eu pertenço ao quadro do SESARAM, em regime de exclusividade e fui eu que nunca quis trabalhar convosco porque não trabalho com pessoas que operam ilegalmente. Queriam instalação pública; eu é que não permiti isso., porque verifiquei que operavam ilegalmente na Madeira. Não conseguiram ficar com a instalação de Medicina Nuclear do SESARAM porque esta foi financiada por fundos europeus. O não funcionamento da Unidade de Medicina Nuclear do SESARAM foi considerado como Fraude pela Comissão Europeia – ao contrário do que o Secretário da Saúde, Pedro Ramos, afirma e que já foi provado publicamente.

Ponto 10: os Senhores fazem tratamentos de radioterapia a muitos doentes para quem nós temos alternativas mais eficazes e sem efeitos laterais. A vossa prática sem auxílio de determinadas tecnologias de imagem como existe no continente, faz com que tenham uma conduta bastante irregular nessas abordagens terapêuticas. Essa vossa prática é permitida e apoiada por vários médicos dos Serviços Hospitalares como a Urologia e a Hemato-Oncologia; isto merecia ser investigado pelo Ministério Público.

Ponto 11: O meu nome clínico é Rafael Macedo da Silva. Como o “Macedo” não cabe na vinheta, estas são imprimidas só como Rafael Silva. Se uma requisição é passada por mim, com a minha vinheta e com o consentimento do utente, não vejo o fundamento de colocar em causa a minha verticalidade. Não sonego identidade profissional de ninguém como é a vossa prática. NUNCA FIZ NADA DE ILEGAL NA MINHA PRÁTICA CLÍNICA AO CONTRÁRIO DE VÓS, Grupo Joaquim Chaves.

Ponto 12: no Concurso Internacional que ganharam e onde foram os únicos concorrentes, não houveram mais interessados porque as restantes entidades não quiseram participar nas referidas condições.
Ponto 13: se investiram 11 milhões de euros em Santa Rita eu afirmo que faço o mesmo com metade do dinheiro (5 milhões de euros) com os melhores equipamentos do mercado. Querem que fale sobre a vossa instalação de radioterapia nos Açores?


Perante isto, provo que os senhores do Grupo Joaquim Chaves alteram a realidade pelo que “Deliram”. Tudo o que foi dito anteriormente está em documentos públicos. Peço que não enganem mais a população da Região Autónoma da Madeira. É deplorável que o Governo Regional e a respectiva Secretaria da Saúde protejam estas más práticas que lesam fortemente a população. Sugiro intervenção da República.

Ao dispor para mais esclarecimentos,


Rafael Macedo.