Sorvedouro Porto do Funchal: mangas

A APRAM – Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira, S. A., foi criada pelo Decreto Legislativo Regional n.º 19/99/M, de 1 de Julho, que aprovou os respectivos estatutos que depois foram alterados pelo Decreto Legislativo Regional n.º 25/2003/M, 23 de Agosto. É um local apetecível ao tachismo pelo chorudo ordenado que, no caso do presidente, anda pelos 6000€.

A APRAM deveria ter profissionais credenciados e experientes a liderar mas, o lobby dos portos e até as cúpulas governativas, quer seja a secretaria da tutela ou a Presidência do Governo Regional, têm optado, há mais de uma década, por gente fraca e manobrável que acata erros com objectivos.

O tachismo subserviente da APRAM, tem somado desaires atrás de desaires nos investimentos que faz, para além de ser deficitária e carente de frequentes injecções de capital numa área claramente rentável. A APRAM não cobra o que deveria ao operador portuário e a algumas agências de navegação para depois se fazer mais papista do que o Papa com o ferry para o continente. As consequências sobram para o contribuinte,  a APRAM é um sorvedouro de dinheiro, produz obras sem utilidade que deixam mais dívida do que investimento com retorno e inviabilizam opções de transporte marítimo de passageiros e carga que faziam toda a diferença na economia da Madeira

Com este breve prefácio, avanço para o que me trás por cá, apontar uma mau investimento da APRAM, seguem-se mais com outros colegas autores.

Em Outubro 2010, no fulgor da loucura das obras num poder autoritário e decadente, começaram a ser instaladas as  mangas encomendadas pela APRAM à empresa espanhola Ingenierias Tecnicas Portuárias SL (ITP) com sede em Barcelona. Custaram 2,3 milhões de Euros (mangas e formação) e pretendiam trazer mais conforto e agilizar o embarque e desembarque de passageiros dos navios de cruzeiro, num terminal que já dava sinais de ser um mastodonte inútil. Segundo os argumentos da APRAM de então, foram projectadas e construídas tendo em conta a amplitude máxima e mínima das marés no porto do Funchal, "uma situação que garantirá a sua utilização em todas as alturas de maré".  Aqui já podemos rir até jorrar lágrimas para um balde como alguns palhaços no circo.

Diziam também que as estruturas (2 mangas) permitiriam uma adaptação ao portaló dos navios e que poderiam se deslocar ao longo do cais da Pontinha. Aqui pode meter a fralda para adultos porque não é vergonha se m.... a rir. Ponha outra fralda à mão, vai precisar.

Afirmavam que iria permitir uma maior celeridade no desembarque e embarque de passageiros, em segurança, inclusive para os passageiros portadores de deficiência, permitindo o desembarque na gare marítima pelo passadiço superior. Eu não sei onde vai verter mais água de riso mas verta para não estoirar!



Para além da "experiência" da APRAM, o Porto do Funchal contou com uma empresa com mais de 30 anos de experiência e que de facto tinha equipado vários portos em Espanha, Itália e Marrocos.

Com a montagem estimou-se a inauguração em Dezembro de 2010, passou para Janeiro de 2011, para Março de 2011 ... e começam as suspeitas de que algo não corre bem. Os problemas técnicos agudizam-se e a empresa espanhola não assume responsabilidades, facto que a APRAM não contraria nem mete acção em tribunal, denunciando que alguma culpa viria a morrer solteira. Algo ou alguém na APRAM falhou. A Ingenierias Tecnicas Portuarias (ITP) chegou mesmo a informar à imprensa local que não lhes havia sido comunicado qualquer condicionalismo nem os seus técnicos foram chamados.

O ridículo surge, depois do investimento de 2,3 milhões de Euros da APRAM nas novas mangas, esta continua a usar as suas velhas soluções de rampas manobradas com uma empilhadora, situação que até hoje, Fevereiro de 2018, se mantém.

As mangas mecânicas/eléctricas fazem parte do espólio de falhanços da APRAM onde se registam a gare, a unidade de energia, o Cais 8, o refluxo da marina devido às obras de reorientação da Ribeira de São João, etc. O resto fica para os colegas.

Pagamos e não usamos, está a enferrujar e a aguardar coragem para mandar para o ferro velho com um hospital sem medicamentos.

Não há alma sem corpo, que tantos corpos faça sem almas, como este purgatório a que chamais honra: onde muitas vezes os homens cuidam que a ganham, aí a perdem".