Carta Aberta de Sara Carvalho sobre educação

Imagem meramente ilustrativa adicionada pelo CM









Texto do leitor
Enviado pela Denúncia Anónima 08-02-2018 13:34
Sara Carvalho


Carta aberta ao Senhor Presidente do governo Regional da Região Autónoma da Madeira
Dr. Miguel Albuquerque

Venho enquanto cidadã, nado e vivido neste país de nome Portugal, nesta terra outrora apelidada de Pérola do Atlântico de nome Madeira, informar vossa excelência que na nossa cidade capital, na dependência direta da vontade e dos humores de um membro do seu governo existe uma instituição de cariz público que apenas serve para perseguir aqueles que de algum modo ousam discordar do Secretário da Educação ou da sua eminência a chefe de gabinete. Nos pressupostos emanados da revolução francesa em que o povo retira às elites o poder tirânico da vida e da morte, é inconcebível que alguns que vivem faustosamente com o dinheiro dos nossos impostos se dêem ao luxo de perseguir e destruir a vida do povo que os sustenta.

Excelentíssimo senhor presidente o que se está a passar é demasiado grave.
Às denuncias sobre os amigos ou bate palmas, temos investigações inócuas ainda que algumas delas impliquem prejuízos para os cofres públicos de milhares de euros. Todos sabemos da escola de onde foram tirados mais de 50 professores durante o ano e onde passados dois anos voltaram os pares e triplas pedagógicas, ou os 15 tempos que dão dois horários. Onde as turmas não têm mais do que 6 ou 7 alunos e em certos casos deixam de ir e os horários dos docentes não são revistos. Noutras escolas, se a turma acaba em abril, os colegas amigos da direção ficam dispensados de ir trabalhar.

Como muito bem sabe o senhor secretário, em certas escolas os pares pedagógicos permitem em certos casos que certos professores em quatro semanas trabalhem duas intercaladas. Existem ainda escolas onde certas turmas têm dois ou três alunos para vinte professores e em outras, do primeiro ciclo, as refeições dos docentes são por conta do erário público, recebendo estes na mesma o subsidio de refeição. Mas, também existem escolas lá para o norte que têm poucos, pouquinhos alunos, uma comissão instaladora que vai para oito anos, claro que o diretor é um bom amigo do gabinete. E as situações onde professores agridem alunos e os diretores cobrem a história? Também temos diretores que para banir professores incómodos inventam histórias de agressões ou delegados escolares que manipulam eleições com a mobilização de professores e funcionários para votar em determinado candidato, entre muitas outras situações.

Senhor Presidente,  o Senhor Secretário da Educação usa a Inspeção da Educação para castigar aqueles que ousam discordar de alguma medida do próprio ou da sua chefe de gabinete.

Senhor Presidente em cada professor temos um cidadão que têm família, que têm uma vida.
Tenho quatro filhos, sou professora e tenho medo, pois a lei e a justiça na educação da RAM estão ao serviço de um tirano sorridente. Que vai ser dos meus filhos se um dia no café ou no meu local de trabalho disser algo que o senhor não gosta? Tenho medo, pois fui contra o fim de sermos de quadro e de passarmos a contratados a tempo indeterminado, fui contra o par pedagógico em EVT, fui contra o acordo ortográfico, ainda que o aplique, fui contra os congelamentos. Que região é esta? Será que estamos em Pyongyang, em Caracas ou na Alemanha Nazi? Na minha Madeira, na pérola do Atlântico não é certamente.

Excelentíssimo senhor presidente não reclamo simplesmente por ter medo, mas sim em defesa duma educação livre e descomprometida com as ditaduras do passado, reclamo por todos aqueles que em silêncio sofrem atropelos e são vítimas do despudor e da arrogância de tais agentes/ operacionais que certamente ultrapassam as normas estabelecidas pelo legislador, pelo Presidente do Governo Regional.

Sem outro assunto, subscreve com a maior consideração.
Sara Carvalho