Pagando e penando asneiras

Diário de Notícias da Madeira (ver link)







O deputado Paulo Almocreves, ou é defeito meu ou é das tais criaturas com quem nunca estou de acordo, sai com mais um comentário que não tem nada a propósito nesta notícia: "Paulo Neves diz que mais "autonomia" não é pagarmos o subsídio de mobilidade".

Na era de Passos Coelho e Miguel Albuquerque, a capacidade reivindicativa era nula mas assim que surgiu Costa foi um escape para a quantidade de promessas sem viabilidade. É uma forma temerosa de fazer política, prometo eu pagas tu, asneiro eu mas as culpas são tuas, decência ficava-lhe bem, pelo menos para respeitar a inteligência dos outros.

O partido que abusou da Autonomia e que a entregou aos credores, a troco de auxílio financeiro  no default "para não chamar de falência", é por estes dias um cata-vento que, com a ventania, não aponta para qualquer ponto cardeal, antes é uma ventoinha. Não tem Norte, é uma arma que cai ao chão e dispara à sorte.

A estratégia de inimigo externo, gasta e sem crédito, com aqueles que nos vieram socorrer é de mau gosto e denuncia falta de ética. O orgulho ferido produz estupidez. Aquela separação, segregação ou gueto dos madeirenses em relação aos continentais já fartou,  por algum tempo foi esbatido mas agora retorna como argumento de uma estratégia política caduca. Correu mal mas, sem querer, estamos de novo na era do betão, do despesismo e do descontrolo orçamental que com certeza vai dar em mais facturas escondidas porque não há orçamento nem empréstimos com que pagar.

O inimigo exterior mais do que defender políticos da sua incompetência, inquina a relação da Madeira e dos madeirenses com continentais, açorianos e estrangeiros. Era altura de fazer um acto de contrição porque a Autonomia significou trilhar o caminho que quisemos, se tem erros devemos assumir. Primeiro todos em relação aos de fora, depois com a derrota política aos governantes e ao partido prevaricador.

Se os erros daqui são dos outros, então não temos Autonomia e temos vivido num fingimento.

O divisionismo interesseiro para tapar a incompetência é nefasto à continuidade territorial porque ninguém nos atura e atinge coisas físicas. Aqui pode ter eco, lá fora ninguém liga e acaba por ofender. É preciso perceber que a Madeira gastou o que tinha e não tinha, empolou seu PIB, fez uma dívida monstruosa e isso é culpa dos governos eleitos desta região, sufragados pelos madeirenses.

Meus senhores, não há dinheiro para nada e neste momento até os ordenados dos funcionários públicos continuam a ser pagos por Lisboa. O ordenado dos governantes é pago por Lisboa.

Temos governantes maus que não têm solução, só desculpas e já fartam. E o senhor deputado quando apresenta os resultados que obteve no seu mandato? É que nem com Passos Coelho nem com António Costa.

Contar histórias é uma das mais belas ocupações humanas: e a Grécia assim o compreendeu, divinizando Homero que não era mais que um sublime contador de contos da carochinha. Todas as outras ocupações humanas tendem mais ou menos a explorar o homem; só essa de contar histórias se dedica amoravelmente a entretê-lo, o que tantas vezes equivale a consolá-lo. Infelizmente, quase sempre, os contistas estragam os seus contos por os encherem de literatura, de tanta literatura que nos sufoca a vida!"