Chovia a cântaros lá fora quando
recebi um SMS do Diretor do Correio da Madeira implorando-me de joelhos para
escrever o que me vai na alma na sua Folha da Couve. Como sou comodista e gosto
muito da minha cama fiquei indeciso mas a promessa de, em troca da verborreia, oferecer-me
umas garrafas de vinho no natal convenceu-me de imediato.
Para que se saiba, além do vinho,
prometeu-me a total liberdade de expressão desde que não avacalhasse nos
textos. Sorri, cruzei os dedos atrás das costas, e prometi-lhe que iria ser
comedido.
Brincadeiras à parte, o que me
convenceu mais a escrever no Correio da Madeira foi ter a perfeita noção que as
outras Folhas de Couve que por aí proliferam na Madeira estão cheias de lagarta
e correm o sério risco de se tornar intragáveis a curto prazo.
Senão vejamos. A Folha de Couve do
Jornal da Madeira foi comprado pelo empresário Luis Sousa da informática, e o
Diário de Noticias pelo outro Luis Sousa dos barcos. Por que diabo dois
empresários de sucesso iriam se meter em alhadas que só lhes vão dar dores de
cabeça?
Nenhum deles é burro, por isso a
resposta é simples. Todos sabemos que nos tempos atuais de economia conturbada,
as Folhas de Couve são um meio excelente de pressão politica para atingir outros
objetivos empresariais e ganhar assim ainda mais dinheiro. Ingenuidades à parte, ambos estão
cientes que quem domina a informação, domina os políticos e o mundo.
E qual o risco do negócio das Folhas de Couve? Nenhum!
Ambos também sabem que, se as coisas derem para o torto, juntam às Folhas de Couve,
carne de porco, chouriço, farinheira, semilhas e fazem um cozido acompanhado
por um bom vinho pago pelo Governo.