Escrevi propositadamente Hospital sem “H” porque falta algo nesta história para o povo perceber muito bem o enredo. Parece muito bem mas por trás estão os artolas do betão outra vez com os seus embrulhinhos de levar no pacote.
À primeira vista, o novo Hospital parece-me ser um atentado à inteligência e muito mal explicado. O mais grave é que nenhum político, de esquerda ou de direita, tem coragem para falar sobre isto, porque todos os votos contam para serem eleitos, até os dos idiotas, e por isso é que todos querem um novo Hospital sem perguntas. O velho jarreta é contra só porque pode ser uma promessa não cumprida e então é preciso cancelar e "dizer a verdade". Enquanto isso o malvado Governo da República inscreveu os seus 50% nos orçamentos e estoirou a bengala política. Agora vão ter mesmo que trabalhar porque do lado de cá o hospital não tem verba declarada no orçamento porque o projecto nem está finalizado, logo os bancos não emprestam dinheiro devido à situação financeira da região mas também porque ... não há projecto palpável.
Antes de continuar, que fique esclarecido que se tudo isto for um investimento para melhor e mais saúde, justifica-se, e estamos conversados!
E se não for?
Senão vejamos, a Madeira deve mais de seis mil milhões de euros, o novo Hospital vai custar 340 milhões que, com as obras a mais, revisões de preços, e os 10% para o PSD, vai de certeza ultrapassar os 450 milhões, que a somar aos 100 milhões dos 400 metros do Porto é muito dinheiro para os nossos netos pagarem. Eles não merecem isto! E continua a somar a dívida.
A pergunta que é justa se fazer: - vamos ter mesmo melhor e mais saúde com o novo Hospital?
Não é preciso ser muito inteligente para perceber que se agora nem temos dinheiro para medicamentos, para seringas, para lençóis, para pensos, para água quente, para sabão, para papel higiénico, e para meios humanos. Como vai ser com o novo Hospital? Tudo isto vai ficar resolvido com o betão fresco do novo "Ospital"?
O povo vai entrar nas Urgências do novo hospital e vai ser logo atendido? O tempo de espera vai passar de 5 horas para 10 minutos? Vão acabar com os mais de cinco anos de espera para as cirurgias? Os equipamentos vão funcionar mesmo ou já são instalados avariados ou em exposição sem formação? Ou vamos ter de continuar a ir aos privados realizar ressonâncias magnéticas, ecografias e análises?
Deixem-se de brincadeiras, o problema não é estrutural, é de funcionamento. E se nem há dinheiro para resolver o problema do funcionamento atual, como vai ser no futuro Hospital? O dinheiro vai cair do céu? Ou usarão a velha história, sobejamente conhecida, dos estudos económicos feitos pelos Governos que o investimento paga-se a si mesmo? Mas paga-se como?
Porque não têm coragem de dizer que o Serviço Nacional de Saúde vai deixar de ser gratuito e o regional está cada vez mais aos ombros do povo. Hospital: - Olhe vá à farmácia comprar este medicamento e traga-nos para o tratamento. Já passou por isto? Aqueles que querem viver mais tempo vão ter de abrir os cordões à bolsa? Não brinquem com o Povo!
Custa-me a acreditar que ninguém ainda tivesse pensado sobre isto, ou então estão Calados como ratos a mandar trabalhar ainda mais quando mal pagos e sem retorno nos impostos. A solução dos políticos é a mesma de sempre, empurrar o problema para a frente com a barriga, isto é, os próximos que vierem que resolvam.
Não tenhamos dúvidas que vamos continuar a morrer à sorte, só que agora num Ospital novinho em folha, sem o "H" de honestidade.
A objeção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia."
Nietzsche, Friedrich