A lota que fala sobre o ferry

O Governo Regional do PSD sempre foi exímio a gastar até falirmos. Se antigamente o saque ao erário público era feito pela proliferação de obras úteis e inúteis, em esquemas e fórmulas de enriquecer os empresários do regime e onde sobrava algum para os facilitadores, agora temos a variante de rapar o orçamento dos falidos, nos mais diversos organismos públicos, para dar às obras, conseguindo rendas fixas através da manutenção. Assim sobrevive a máquina.

As ribeiras são um caso emblemático, cobrir basalto rijo com betão para que ao vir as torrentes abrasivas exponham o ferro e provoque a manutenção é de "mestre". Nas fozes também observamos a acumulação de inertes para solicitar mais serviços, obras muito bem estudadas como tudo o que implica hidráulica. As ribeiras que que não cederam mas sim atulharam pelos inertes vindos das serras foram usadas para, sem necessidade, alguns facturarem e outros ganharem dinheiro.

Ontem o Conselho do Governo Regional, reunido em plenário, decidiu autorizar a realização da despesa da obra de “Requalificação da Lota do Funchal”, até ao montante de €3.950.000,00 (três milhões, novecentos e cinquenta mil euros). É mais uma adjudicação sorvedoura de dinheiro porque é aplicada no lugar errado e vai potenciar rendas fixas a várias entidades. Indica que o GR não leva a questão do ferry a sério, está a gerir a conclusão que pretende para o melindroso caso com a sociedade madeirense. A actual Lota do Funchal está mal localizada e não pode crescer, ocupa um espaço importante para dinâmica do porto, provoca despesas desnecessárias e ameaça o filão dos cruzeiros. Este porto que afastou os contentores para consagrá-lo a cruzeiristas e passageiros mantém a Lota?

Uma Lota, com barcos de pesca a descarregar peixe atrai gaivotas, basta olhar para a esteira destas aves marinhas atrás destes últimos quando vêm carregados. Se a lota se mantém, as gaivotas também, logo a despesa com a falcoaria prossegue e a sujidade numa área de cruzeiristas e passageiros mantém-se. Não se pode atentar contra a boa saúde dos passageiros dos navios com norovírus.

No que diz respeito ao ferry, sabemos que o Grupo Sousa abusa dos portos, na Madeira e no Porto Santo (há pouco tempo um navio de cruzeiros não atracou no Porto Santo, porque o Lobo Marinho não ficou ao largo durante o dia) e a única rampa que existente no Porto do Funchal foi motivo de confusão aquando dos serviços do Armas.

É imperiosa a existência de uma segunda rampa no exíguo espaço do Porto do Funchal que está sempre a acrescer de actividades sem nexo. O porto tinha no espaço da Lota o local indicado para receber a segunda rampa para o ferry, deslocando a unidade de apoio aos pescadores para o amplo espaço do Porto Novo.

Já sabemos que o GR provoca rendas fixas (manutenções desnecessárias) mas, estará o GR a dizer que o ferry Madeira - Continente não vai dar confusão porque será entregue ao Grupo Sousa que conta com a rampa que usa e abusa pertença da Região? 3 milhões por 15 viagens no Verão é negócio, depois é só multiplicar o trimestre por 4 e teremos 12 milhões por ano. Assim crescem os empresários do regime.