Um Gestor com ar apalermado


Estava eu numa loja de roupa queque no Forum Madeira para comprar uma camisa ao meu pai que fazia anos quando entrou um conhecido gestor público. Já não o via há mais de uma dezena de anos por isso fiquei surpreendido com o ar “apalermado” da figurinha. E enquanto a minha mulher escolhia uma camisa que tivesse o galgo bordado, porque o exigente do sogro perguntava sempre pelo cachorrinho estampado nas camisas, fui fingindo que via outras coisas enquanto observava os estranhos tiques do gestor.

A minha mulher vendo o meu ar perplexo e quase homofóbico, adiantou-se e explicou-me que a figurinha era um metrossexual. Ela conhece toda esta gente louca do jetset madeirense, e foi assim que me explicou que os metrossexuais são homens que acompanham a moda, vestem marcas como Prada, Giorgio Armani, Sacoor, sapatos Tod’s, e tudo sempre muito justo ao corpo para destacarem os bíceps e os glúteos.

Os metrossexuais normalmente são pessoas com muito dinheiro que rapam os pêlos do corpo, cuidam da pele com cosméticos caríssimos e frequentam assiduamente ginásios chegando a ter uma obsessão pelo próprio corpo. A obsessão chega a níveis que muitos até calculam e programam a quantidade de proteína a ingerir para evitar perda de massa muscular e se manter o mais próximo da perfeição.

O metrossexual não frequenta barbeiros e gosta do cabelo artisticamente despenteado num cabeleireiro luxuoso, onde também arranjam a sobrancelhas e as unhas, sendo muito indecisos com a roupa a vestir no dia-a-dia.

O problema do metrossexual começa com o envelhecimento, e acabam todos por pintar o cabelo, tonificar os músculos da barriga e esconder as rugas com cremes. Alguns, em casos mais extremos, recorrem à cirurgia plástica para repor a massa muscular no sítio certo.

Pagamos e saímos, e fiquei a saber os nomes de uma inacreditável lista de metrossexuais da nossa elite politica, económica e desportiva, e foi assim que também soube que, além dos metrossexuais, existem outros mais, como os Tecnossexuais, os Lumberssexuais, e que eu era um reles Retrossexual.

Visivelmente apalermado com tantos estereótipos sexuais, e por mais moda que seja, eu vou continuar a ser um retrossexual brutinho, não vá o meu pai com 75 anos ter ainda força para me dar um par de estalos.