Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 2 de Abril de 2018 11:17
Autor: não revelado
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Bom dia, tenho visto o vosso trabalho e deu-me coragem para dizer o seguinte:
Sou fotografo amador, o chamado spotter, gosto simplesmente de fotografia para retratar e preservar momentos únicos e aspectos que fogem da vida diária. Não tenho tenho qualquer tema preferido, simplesmente ando com a máquina e quando se proporciona algo singular fotografo. Este hobby tem me feito reparar em pormenores nas milhares de fotos que tiro. Há duas situações claras, uma é que se usa e abusa dos fios pelo ar em postes nos lugares mais incríveis e idílicos possíveis nesta ilha. Quando um estrangeiro que nos vem visitar tira a foto da natureza, por exemplo, leva sempre com o #$"#&&%$ dos fios. Não há qualquer preocupação das empresas instaladoras e operadoras de comunicações ou electricidade em não atentar contra a paisagem, é sempre pelo mais fácil e mais barato. Faço fotografia há talvez uns 19 anos e uma das coisas que já posso afirmar é sobre a comparação das mesmas paisagens ao longo dos anos. Agora estão mais sujas, destratadas e com obstáculos.
Outra coisa que tenho visto é o avanço do betão, situação que ainda me irrita mais. Se a Madeira vende natureza não pode estar sempre a se ver betão. Reparem que tomo em consideração a protecção das populações mas tudo isto perde lógica porque se enche de betão agora quando não se organizou antes. Cada vez que se atenta contra a natureza vem mais betão para resolver os assuntos. Das muitas fotos que poderia enviar mando três, todas do mesmo lugar. Se vendemos natureza aos estrangeiros porque metem sempre betão nas recordações que levam da Madeira? Parece que não há sensibilidade para proteger o que é único
A costa norte de São Vicente até o Porto Moniz é deslumbrante, os declives, o verde, as fajãs, o mar robusto que cria bruma ao longo da rede viária, as barreiras naturais de urze contra o salitre nas culturas, as latadas, os palheirinhos, etc. Perdemos, e acho mal, a estrada antiga na costa norte, para aquelas freguesias é o maior cartaz turístico que se perdeu para agora se ver por quilómetros e quilómetros betão dentro dos túneis. Não sou contra o desenvolvimento mas é preciso equilíbrio. Sou dos que acredita que a estrada antiga deveria ser algo a preservar e não deixar as pedras e matagal a tomar conta. Deveriam consertar, pavimentar a pedra, manter a largura e permitir o trânsito num sentido só para que os estrangeiros vivam a sensação de antigamente ou até nós para recordarmos num passeio. Eu sei que cai pedras mas durante décadas foi o único caminho que havia e usamos, nesse tempo ninguém dizia nada ou usava como argumento essas situações porque não dava jeito mas, agora serve para fundamentar o desleixo. Aquela estrada tem história, é o que temos para mostrar o que era a Madeira antigamente, deveriam candidatar a algum tipo de património Europeu ou Mundial e manter. Para além disso estamos a ficar com muitas estradas abandonadas, primeiro começam por receber remendos sobre remendos e depois ganham desleixo e perdem-se.
Acho que dentro do Governo Regional não se falam, quem faz obra deve consultar seriamente o Turismo e os homens dos fios não podem ter toda a liberdade.