Geringonçando


O galã sem escalpe, presidente da Câmara Municipal do Funchal, comunicou de forma clara a sua intenção de que pretende ser Presidente do Governo Regional em 2019. O que dificilmente saberá é como lidar com os milhares de sangue-sugas, camuflados e politiqueiros amorfos que há anos gravitam em redor das personagens que assumem de forma cíclica os lugares de poder distribuídos.

Mesmo com a renovação tentada do PSD, estes milhares ficaram quietos e calados em posições de diretores de serviço, diretores de departamento, chefes de divisão, diretores de unidades, chefes de gabinete, chefes de secção, etc, etc. Tal como carraças sugadoras ou remoras que se alimentam dos restos e limpam as partes sujas do sistema. Sem duvida que tem um papel importante. Mas ainda mais importante, com esses poderá contar pois mudarão logo de hospedeiro e esconderão as bandeiras do PSD bem enterradas ou remetidas para o lixo. Serão cafofianos e barretianos desde pequenos.

Para resolver os cargos mais elevados da cadeia hierárquica, secretários, chefes de gabinete, diretores regionais, presidentes de institutos e respetivos vogais e similares, precisa de reunir pelo menos cerca de 120 pessoas competentes para constituir um governo com uma estrutura credível, para poder assumir o que possa vir a ganhar com a ida a votos. É incontornável para o seu sucesso, que essas 120 pessoas tenham caraterísticas de liderança, competências técnicas nas áreas que irão liderar, uma visão de conjunto bem construída para as áreas que irão assumir e as que lhes são próximas e associadas, possuírem ainda competências de comunicação, assertividade e empatia para com os que irão ser por eles liderados. 

O que não acreditamos é que o consiga fazer. Porque? Por uma razão simples, já exerce a liderança na CMF há cerca de 5 anos e o que de novo ou diferente do tempo de Miguel Albuquerque foi realizado que nos permita sentir confiança? O município continua com graves problemas de gestão interna e as perseguições são claras e conhecidas. Mudaram os sangue-sugas e os bufos. As práticas que destroem a confiança na liderança continuam a fazer escola há anos. 

O que há dentro da autarquia que promova a confiança na sua liderança? 

O campo da cultura tem uma dinâmica diferente, é certo, mas qual a participação direta e clara da sua liderança? 

A habitação social vive numa letargia e continua sem que se sinta que soluções inovadoras para alem de recuperar bairros sociais, existem? Que projetos realizados são hoje bandeira?

Uma ou outra associação vai dinamizando os bairros, contudo não há uma solução clara, por exemplo, para olhar de forma diferente e combater os problemas profundos dos bairros, mesmo que fossem soluções adaptadas de outras cidades.

O que se tem em matéria de ideias inovadoras e de aproveitamento do património histórico da cidade? E no Turismo? Nas acessibilidades? Na geografia de riscos?

E o mar? Como vê o presidente do municipio os temas associados a economia do mar na RAM? Que tem pensado sobre esse assunto? 

E as finanças regionais? Tem um modelo diferente? Já pensou no assunto?

Sabemos que o concelho do Funchal marca o ritmo de muitas dinâmicas que se repetem noutros concelhos, mas nada disso está evidente na sua atuação, mesmo tendo a maioria das autarquias cores partidárias distintas do PSD. Na AMRAM o seu papel é relevante? Pois nada se sabe o que o pretendente a líder da RAM propõe, exige ou dinamiza a partir da sua posição na Associação de Municípios da RAM. 

Em tempos apresentou uma visão e algumas ideias numa entrevista. Se bem se recordam algumas dessas ideias parecem hoje inscritas em post-its, ou seja, tanto se aguentam como descolam e desaparecem. 

O silêncio dos pretendentes é a prisão dos lóbis.
Comprometer-se com o eleitorado é uma forma de entalar
os lóbis. Mentir para ganhar é poder efémero.
Em politica, 6 meses é uma eternidade. Tudo muda e volta a ser necessário comunicar sempre o que pensam como solução para cada problema, para podermos compreender o que nos fará apostar nesta figura, quando enfrentarmos problemas diversos em contextos que mudam de forma imprevisível. 

Vejam como está aflito o Governo Regional para resolver problemas que, na sua arrogância pensavam ser simples promessas de fácil concretização. O povo não quer viver este filme outra vez. E pelo que estamos a observar, pelo "trailer" que já anda a circular será uma sequela. 

A dinâmica criativa e a inteligência estratégica dos candidatos devem estar bem visíveis para quem decide em quem votará. 

O povo está farto de políticos super sorridentes, que mentem, pois sabemos que há promessas que são autênticos atentados contra a verdade, mas é fundamental saber a opinião, saber como pensam e o que pensam sobre os temas críticos para o nosso futuro. Por exemplo, qual a sua opinião sobre as quatro áreas principais que o líder do PS Nacional vai apresentar na sua moção? Como as vê no âmbito regional? Se está próximo do PS tem a noção que as mesmas terão expressão muito diferente na RAM, caso seja governo. 

Para compreendermos se vale a pena confiar no professor Paulo Cafôfo resta-lhe pouco tempo, é ele que tem mais para explicar. Do lado do governo percebemos que apresentaram uma visão clara para a RAM, que turvou e já os deixou baralhados, já só seguram com cheques ao eleitor. O problema é que, do lado de Paulo Cafôfo, está tudo muito turvo e não parece que possa clarear. Entre o escolhido por Lisboa e os paus mandados de Jardim e lóbis há muito por definir.

Conclusão, os eleitores estão as escuras. Se isto continua assim, consideramos que a melhor saída é escolhermos outras soluções mais esclarecidas.

A propósito disso, destaca-se a atuação do Partido Juntos Pelo Povo que nos temas que assumiu aprofundar, tem realizado um conjunto de ações meritórias seja no concelho de Santa Cruz, seja, através do seu Grupo Parlamentar. 

O professor Paulo Cafôfo que aprenda com os seus colegas professores que povoam o partido JPP. E, já agora, que o governo seja humilde e compreenda como o povo gosta que atuem os políticos. Os seis a zero nas autárquicas de Santa Cruz, não foram milagre. O povo não votou as escuras.

"Não lamentes, ó Nize, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado;"

Extrato do Soneto de todas as putas