O todo poderoso dos ralis

Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018 02:23

Texto, título e ilustração do autor.

Anda por aqui uma guerra surda e muda sobre o que realmente interessa, andamos à volta do acessório para na encarar a vaca sagrada. Quem gosta de automobilismo, em particular de ralis na Madeira, se não está fanático por nenhum concorrente gosta da verdade desportiva, essa onde a diferença acontece pela qualidade do piloto e do seu co-piloto em cada prova com os respectivos azares de quem ninguém está livre. mais nada, com carro dentro da legalidade.

O João Silva só expõe o que há muito toda gente fala pela "Calada", teve a coragem de começar a aflorar suspeições e certezas, e o que se deve fazer é apoiá-lo e não desamparar como normalmente sucede com todos os ratos a fugir. Mas, até João Silva anda às voltas ...

Vamos pegar o touro pelos cornos.

É de família e de temperamento pessoal, Calado gosta do destaque e de açambarcar todo o poder, nada mais lhe enche o ego que um JORAM com todos os poderes mas o temperamento também chega aos ralis. Se no Governo assina o que não deve, em claro conflito de interesses pelo seu relacionamento com empresas de betão (e ainda as suas associadas) o que não dizer dos ralis?

Este cantinho do céu tem muita impunidade e falta de aplicação da lei, porque é ilha, porque os poderes andam promiscuídos uns com os outros. Uma mão lava a outra. Não há separação de poderes e o executivo acha que tudo pode. Os madeirenses sabem mas habituaram-se a "agachar a orelha" ao poder para poder viver.

Temos agora um acto de coragem nos ralis, bem vindo! João Silva publicou recentemente no Facebook um texto que se intitulou “apelo à verdade desportiva” e onde o seu conteúdo criticava a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting por não exercer a “sua função de regulador e fiscalizador", o que era uma “porta aberta à dúvida e ao aproveitamento ilícito”. Evidentemente despoletou a ira dos que se dão bem a controlar na calmaria.

Para todo madeirense que acompanha ralis é uma clara anotação sobre Pedro Calado, dirigente da FPAK e também co-piloto, num claro conflito de interesses. Como decide a Federação numa situação onde seja visado um seu dirigente que é co-piloto? Como decide a Federação quando parte das provas necessita do apoio do GR onde o seu dirigente Pedro Calado é Vice-Presidente? Como é que a publicidade está disponível para todas as equipas quando é um "investimento" apoiar o carro do Vice-Presidente do governo, decisor de muitas adjudicações? Como é que se evita todo o beija-mão ao todo poderoso e como se acredita na verdade desportiva? Como é que alguém vai contra esta pessoa em claro conflito de interesses mas que a toda a hora pode ter influência na vida pessoal e desportiva das pessoas? Quem está acima?

Onde está a verdade desportiva, sem qualquer suspeição mesmo ganhando honradamente com um bom piloto, nas condições ideais de todos poder controlar e ameaçar? De tudo obter e que mais nenhum tem? Benevolência, vista grossa, desvio de olhar, tolerância, suspiro e fecha os olhos.

João Silva algures diz isto:

“A tentação é grande… sem balanças e pesagens oficiais podia ter retirado peso ao meu carro, facilmente tirava o lastro de chumbo que perfaz o peso mínimo, e a chapa de proteção traseira em ferro que só estorva, até tirava algumas ferramentas que só levo por precaução”. Como será com quem recebe benevolência?

“sem medição do limitador de pressão de turbo podia ter bloqueado ou anulado a válvula pop-off, colocado um software modificado sem homologação que me desse mais potência no motor, até podia ter modificado o restrictor de ar, pois nunca o mediram”. E quem não é honrado e controla o sistema como age?

“sem os olhos atentos dos comissários técnicos, sem o juízo dos comissários desportivos, sem a verificação e comprovação da verdade acima de qualquer amizade, cumplicidade e reconhecimento de seriedade, sem o escrutínio de quem tudo vê mas nada diz e faz, sem o julgamento dos adeptos e da comunicação social, sem a vergonha na cara”. Aqui sabe mais do que diz. Um suspiro.

Mas tudo isto não é caso único, certo que com menos poder mas, "outras equipas de outros campeonatos" com certeza já ostentaram a publicidade do jogo e do conflito de interesses e até já optaram por não apresentar publicidade para não levantar suspeitas. Tudo se faz na mesma, os concursos são ganhos, o apoio é concedido mas ficamos assim ... sem publicidade.

O desporto diziam ser a escola de virtudes, até que a política e os negócios da política chegaram ao desporto. Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele. Quem não quer estar sob suspeição decide por um dos lados. Que mania de controlar tudo na Madeira, até a brincar, até no desporto.

Com estes hábitos, é caso para perguntar se Pedro Calado será candidato à Presidência do Governo Regional em 2019, se estará igualmente na Comissão Nacional de Eleições e se anda fará parte de uma mesa de voto. Se o Cafôfo fosse assim de democrático o que não estaria Calado a dizer? Felizmente anda de mota.