Peixe, peixaria e peixeirada

Atum patudo

Há dias o nosso Presidente, assim à campeão, disse que o GR ia apostar na frota pesqueira da Madeira, tinha "2€" e mandou a União Europeia pôr o resto. Estava numa festa deve ter sido brincadeira. Depois da gabarolice, num simples acto de gestão o seu Governo espalha-se.

Não passaram muitos dias para vemos como dominam esta coisa de pescas e da ética nos negócios. A Direcção Regional tomou uma iniciativa, sem consultar os parceiros, que vai dar barraca. Bastava isso para que a ignorância fosse alertada, mas na Madeira há muitos secretismos. Pretenderam revogar as licenças dos barcos de pesca açorianos esquecendo-se que, metade ou mais, são de armadores madeirenses e que, desses 30 barcos, cerca de 90% das tripulações são madeirenses. É assim que se quer defender os pescadores da região?

Mas tem mais. Os Açores não abriram quota pois a troca foi para compensar o que tinham capturado a mais de atum patudo nas duas regiões. Quota essa negociada entre o governo de Portugal e de Espanha como noticiado. Foi acordado que Portugal teria que "pagar" o que tinha pescado a mais. O Governo da Madeira como medida populista, para ficar bem com os pescadores, decidiu atribuir a quota para pesca (medida a pensar na eleições de 2019). Após ter tomado esta decisão unilateral de abrir a quota começou a receber fortes indignações dos açorianos (nomeadamente GR dos Açores e associações de pescadores) por apropriação legal mas em abuso de confiança na quota para o país, continente e ilhas.


É também evidente que o monopólio regional nesta área (V e I) deve ter pressionado à ousadia, beneficiaria da captura logo mais vendas, como mostra a acta com os únicos presentes na reunião. Aqui está a razão do enfado dos açorianos, se foi uma quota atribuída a Portugal continental e ilhas porque é que nesta acta só estão as lotas da Madeira? Eis a grande questão mas um precedente que nos vai custar no futuro desconfiança por deslealdade e oportunismo. Amplie por favor:

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Já agora um reparo. Se os leitores puxarem atrás o Telejornal de ontem (21h de 27-09-2018) este teve 3 notícias sobre peixe logo no arranque. Parece uma diluição. Na primeira é identificada a empresa, na terceira é apenas um estabelecimento comercial. Quem foi que entregou o peixe? Esta ordem tem muito que se diga porque após o sucedido na notícia 3 é que houve a inspecção da notícia 1. Terão combinado RTP-M e Actividades Económicas para se saírem todos bem desta encrenca com nova cronologia das notícias, bem diferente do sucedido no terreno?

O peixe era de um dos armazenistas (V), dos que entalam a lota armazenando lá o seu peixe, quando as instalações deveriam ser exclusivamente para a congelação do peixe de todos. É assim que, na aflição de conservar o peixe que o ónus sobra para os outros.

Isto é um caso de peixe escondido com o rabo de fora porque o que se passa é que o Governo Regional, sob capa da legalidade e das quotas, está a proteger os empresários do regime do PSD-M, que usam e abusam da lota, tornando-a ineficaz porque têm nas instalações do Governo o seu local de armazenamento e que agora, para parecer bem, dizem estar ao dispor de todos os privados mas não têm como fornecer o serviço.

Quando outros, em situação anormal provocada por mais monopólios regionais, tentam criar soluções para não perder peixe são logo acusados e fiscalizados para que este estado de coisas se mantenha em favor dos seus queridos. E o director regional ainda diz que pode receber mais porque, se dissesse o contrário, estaria tacitamente a reconhecer que para não perder peixe foi preciso improvisar dando razão aos que agora se vêem envolvidos nas acusações.

Quando o povo ouvir que toneladas de peixe foram deitados fora e que o GR, porque não estuda os processos e é populista, fez perder empregos, vai haver gente a entrar pela Quinta Vigia dentro e não vai ser para beberete. Da Madeira e dos Açores.



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