Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 1 de Outubro de 2018 19:51
Texto, título e fotos da autora.
Vivo no Santo e tenho 54 anos, vou contar um sonho falhado e os pensamentos que me atormentam.
Um dia, há muitos anos, ainda era menina, a minha tia emigrada na Suíça convidou-me a passar uma parte das férias com ela. A Madeira ainda andava "pobrezinha" e aquilo na Suíça parecia um conto de fadas. A natureza andava cuidada, era chique, eu dizia que era penteada porque fazia impressão como conseguiam cortar tanta relva por longas extensões. Eram outros costumes, casinhas de madeira negra, pergolas, varandas floridas, nada fora do lugar. Foi uma grande experiência que me marcou em pequena mas fui pensando que o meu Santo da Serra tinha condições para ser uma pequena Suíça na Madeira, pela altitude e pela natureza, algo aprazível, um conto de fadas, com as quintas do antigamente reactivadas, casas de chá, zonas de lazer, desportos, etc. Não é que não haja hoje em dia mas falta a beleza. Nunca gostei do centro da vila. Não quero nenhuma imitação, só bom gosto, educação, asseio e as nossas tradições
Os anos foram-se passando, a vila foi-se descaracterizando cada vez mais com obras, investimentos e os tipos de negócios associados e as pessoas.
Há dias li o artigo do DN das guias e muito do que penso está lá escrito. deu-me alegria e tristeza. Alegria por não ser a ave rara e tristeza porque talvez todos reparam mas ninguém abre a boca. Eu não acho que possamos crescer assim sem massa crítica, tudo com medo no deixa andar.
Todos sabem que a natureza do Santo já teve melhores dias, cresce o que nasce, não há plano ordenamento, há os madeireiros, os incêndios e as enxurradas, o movimento de terras, o despejo de terras e lixo indevido, lagoas inúteis, as misteriosas ruas que entram pelo mato e escondem investimentos manhosos ou uma descarga ilegal ... O Santo já é mais "industrial" do que natureza e meu sonho foi-se por falta de bom senso sobre os locais apropriados para cada actividade. O Santo deveria ser uma Suíça para estadias e lazer mas está ferida de morte. Não se pode baixar os braços.
Durante largos anos a coexistência da Santagro e do Inatel, com uma rua a separar as duas, marcou a vivência do Santo da Serra (Santa Cruz), pelos empregos, pelos cheiros, pelas moscas e pela permanente instabilidade financeira.
O ideia do Inatel fora inovadora na Madeira e penso que para além dos associados do Inatel, muitos madeirenses têm recordações de fins de semana ali passados ou das paragens nas voltinha aos fins de semana. Com uma área considerável e as casinhas inspiradas nas de Santana, o terreno tinha uma justa medida de verde e casinhas de alojamento para além da casa principal que servia de recepção, restaurante, snack-bar e apoio às casas e jardins. Toda a vida deste centro da Inatel foi passado sob o problema dos cheiros. moscas e a viabilidade económica e há 8 anos que está encerrado, sem que se perspective um comprador que revitalize o investimento.
De vez em quando alguém se lembra de ir buscar o tema, a RTP-Madeira fê-lo em Abril deste ano e as palavras são sempre de esperança mas com os anos a passar e os prédios a carecer cada vez mais de manutenção porque só alguns jardineiros tentam que o aspecto geral não piore de vez.
No outro lado da rua houve mudanças, morreu a Santagro que, depois de uma vida a chatear os outros pelos cheiros, agora chateia a paisagem pelo aspecto de degradação que tem naquela longa recta que recebe autocarros com turistas e as tais guias que já se manifestaram que a Madeira anda porca, que belo exemplo! A Santagro é um ferro velho à vista de todos enquanto outros escondem com sebes.
Mais abaixo está a CARAM - Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira EPE que, até ver, vai sendo bom vizinho ainda para mais com os cedros que cresceram e taparam tudo. Um novo tapete de alcatrão diz que o Santo anda civilizado mas não vejo o sonho da minha Suíça do Atlântico. Aposto que visto do céu parece a Bósnia há uns anos atrás, cravada de balas.
Vivo no Santo e tenho 54 anos, vou contar um sonho falhado e os pensamentos que me atormentam.
Um dia, há muitos anos, ainda era menina, a minha tia emigrada na Suíça convidou-me a passar uma parte das férias com ela. A Madeira ainda andava "pobrezinha" e aquilo na Suíça parecia um conto de fadas. A natureza andava cuidada, era chique, eu dizia que era penteada porque fazia impressão como conseguiam cortar tanta relva por longas extensões. Eram outros costumes, casinhas de madeira negra, pergolas, varandas floridas, nada fora do lugar. Foi uma grande experiência que me marcou em pequena mas fui pensando que o meu Santo da Serra tinha condições para ser uma pequena Suíça na Madeira, pela altitude e pela natureza, algo aprazível, um conto de fadas, com as quintas do antigamente reactivadas, casas de chá, zonas de lazer, desportos, etc. Não é que não haja hoje em dia mas falta a beleza. Nunca gostei do centro da vila. Não quero nenhuma imitação, só bom gosto, educação, asseio e as nossas tradições
Os anos foram-se passando, a vila foi-se descaracterizando cada vez mais com obras, investimentos e os tipos de negócios associados e as pessoas.
Há dias li o artigo do DN das guias e muito do que penso está lá escrito. deu-me alegria e tristeza. Alegria por não ser a ave rara e tristeza porque talvez todos reparam mas ninguém abre a boca. Eu não acho que possamos crescer assim sem massa crítica, tudo com medo no deixa andar.
Todos sabem que a natureza do Santo já teve melhores dias, cresce o que nasce, não há plano ordenamento, há os madeireiros, os incêndios e as enxurradas, o movimento de terras, o despejo de terras e lixo indevido, lagoas inúteis, as misteriosas ruas que entram pelo mato e escondem investimentos manhosos ou uma descarga ilegal ... O Santo já é mais "industrial" do que natureza e meu sonho foi-se por falta de bom senso sobre os locais apropriados para cada actividade. O Santo deveria ser uma Suíça para estadias e lazer mas está ferida de morte. Não se pode baixar os braços.
Durante largos anos a coexistência da Santagro e do Inatel, com uma rua a separar as duas, marcou a vivência do Santo da Serra (Santa Cruz), pelos empregos, pelos cheiros, pelas moscas e pela permanente instabilidade financeira.
O ideia do Inatel fora inovadora na Madeira e penso que para além dos associados do Inatel, muitos madeirenses têm recordações de fins de semana ali passados ou das paragens nas voltinha aos fins de semana. Com uma área considerável e as casinhas inspiradas nas de Santana, o terreno tinha uma justa medida de verde e casinhas de alojamento para além da casa principal que servia de recepção, restaurante, snack-bar e apoio às casas e jardins. Toda a vida deste centro da Inatel foi passado sob o problema dos cheiros. moscas e a viabilidade económica e há 8 anos que está encerrado, sem que se perspective um comprador que revitalize o investimento.
De vez em quando alguém se lembra de ir buscar o tema, a RTP-Madeira fê-lo em Abril deste ano e as palavras são sempre de esperança mas com os anos a passar e os prédios a carecer cada vez mais de manutenção porque só alguns jardineiros tentam que o aspecto geral não piore de vez.
No outro lado da rua houve mudanças, morreu a Santagro que, depois de uma vida a chatear os outros pelos cheiros, agora chateia a paisagem pelo aspecto de degradação que tem naquela longa recta que recebe autocarros com turistas e as tais guias que já se manifestaram que a Madeira anda porca, que belo exemplo! A Santagro é um ferro velho à vista de todos enquanto outros escondem com sebes.
Mais abaixo está a CARAM - Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira EPE que, até ver, vai sendo bom vizinho ainda para mais com os cedros que cresceram e taparam tudo. Um novo tapete de alcatrão diz que o Santo anda civilizado mas não vejo o sonho da minha Suíça do Atlântico. Aposto que visto do céu parece a Bósnia há uns anos atrás, cravada de balas.